quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Dakota!



















Hoje ao ver esta foto, revendo ao longe o aeroporto da nossa Luanda, lembrei-me de ti pai e por momentos vi-te naquela janelinha a dizeres adeus!

Chorei pai ao olhar para um dos aviões que tantas vezes levaste e trouxeste a bom porto e que há muito pararam, como parou a "máquina que tinhas no peito".

Eu sei pai que não foi hoje que partiste, mas viste e ouviste-me à beira mar?
pois é pai, precisava tanto que estivesses aqui ao meu lado para aninhar-me no teu peito.

(foto de MGV)

14 comentários:

  1. A máquina do meu pai também falhou há muitos anos e ainda hoje me pergunto como teria sido a minha vida se ele não tivesse morrido:)
    Fica sempre a dúvida:)
    Bonita homenagem que prestas ao teu pai:)
    Beijocas

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  2. .

    _______________________________
    _______________________________
    _______________________________
    ____________________ 100 palavras .

    . um beijo .

    . grande . grande . grande .

    .

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  3. Pois ...de vez em quando somos saudosistas e nostálgicas e babosas. Mas que coisa! Mas é tão bom recordar esses tempos em que foste menina e que de certeza foste feliz pois pelos teus relatos pressinto. Pena o que aconteceu em Angola pena a forma como tudo foi devolvido pena o facto de terem de voltar e começar, que para muitos foi um começo de nova vida. E diz-me nunca mais voltaste ao teu cantinho? deve estar cheia de saudades. O teu pai está enterrado lá, mais um motivo para teres saudades.kisses

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  4. Wind
    É verdade linda, mas felizmente ainda tive o meu pai durante muitos anos e às vezes oiço o seu assobio matinal para irmos ao café:)

    Intemporal
    Foi o que eu senti quando vi esta em particular e outras fotos que me enviaram do antigamente:)

    Beijocas e obrigado

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  5. Avogi
    Gosto de recordar as coisas boas e quem me mandou também é muito mais saudosista do que eu :) mas de facto tive uma infância muito feliz, embora por sermos muitos era tudo contabilizado e não havia excessos de nada:)

    Uma realidade que ainda não consegui engolir a forma como fizeram a descolonização porque quem vivia lá, pouco se importava ser comandado por branco, preto ou mulato, queriamos era paz. Pelo muito que já li e ouvi a realidade de Angola era bem diferente das outras colónias, mas a comitiva PS resolveu assim e assim foi tornando algo bem vergonhoso para a história.
    Muitos vieram cheios de tudo com barcos à sua disposição e outros vieram sem nada, apenas com um lugar num avião da ponte aérea.
    Os meus pais ficaram em Angola com os meus dois irmãos mais novos. Depois da independência a minha mãe trouxe a mais nova devido à lei que as mulheres tinham que fazer o serviço militar obrigatório. Deixou-a cá e voltou e eu estava no Brasil, onde estive quase 3 anos. O meu irmão ficou como militar e era mecânico de aviões e quando morreu ficou lá enterrado e os meus pais vieram de vez e por cá recomeçaram do zero.
    Nunca mais voltei, nem o meu pai, mas a minha mãe foi quando 7 anos depois o governo angolano notificou-os do levantamento das ossadas do meu irmão no "cemitério militar" e por decisão de ambos, por lá continua.
    O meu pai morreu cá com 78 anos e em dez minutos. Viviam e ainda a minha mãe vive na sua casinha aqui a uns 500 metros.
    O meu pai foi reformado como "funcionário público" e o tempo contabilizado até à independência, já que a DTA virou TAAG e ele já não voava fazia tempões, mas jamais com a reforma de piloto e aviação e nunca se percebeu muito bem a razão, porque as leis desse período conturbado era uma confusão dantesca.
    Por cá fez piscates mas o tempo não foi contabilizado apesar dos descontos que fez.
    Recebia a sua pequena reforma e pela sua morte imagina tu que a Caixa Geral de Aposentações veio cobrar à viúva "os descontos que ele não tinha feito" e que a minha mãe não receberia a reforma dele enquanto não fosse pago, pago????? lá fui eu tratar e numa justificação esfarrapada: "as pastas do Ultramar" estavam na 6ª.cave e que ainda não tinham sido vistas. O quê???? tantos anos depois??? Queriam tirar fotocópias de todos os que nós tinhamos, mas não lhes dei, que fossem procurar, e dei-lhes um prazo de 10 dias, caso contrário a bronca seria bem maior! Olha com quem se foram meter. Outra: o casamento deles só constava na Conservatória da terra do meu pai, que nunca deu conhecimento à da minha mãe. Em oito dias o assunto ficou resolvido!
    Todos os que vieram "nascidos lá ainda como colónia portuguesa" tinham que ir à Conservatória dos Registos Centrais num prazo que agora não me recordo qual, transcrever os registos, ou seja eramos portugueses de 2ª :)
    Por desconhecimento total, milhares nunca o fizeram, o prazoi expirou e os miúdos que nasceram cá não tinham qualquer registo. JUlgo que toda essa "cagada do governo de então" só há bem pouco tempo é que foi regularizada.

    A "onda dos retornados" foi dantesca e eu que nunca recorri a qualquer subsidio, nem hotal ou pensão, também não concordei e até condenei o "comportamento vergonhoso" de muitos que destruiram o que lhes emprestaram.

    Enfim já passou e faz parte da história, história tão mal contada ou tapada para que não se saiba de podres que haviam e foram praticados.

    Não me falem de Mário Soares, Rosa Coutinho e outros, porque além desta descolonização VERGONHOSA também foi pai da crise de 80 a 86, tão semelhante, mas tão semelhante à da actual ironicamente com o mesmo partido político, falo da interna e não da mundial...!!!!

    Beijocas e agora vou tomar o "mata-bicho" porque falar disto até me dá coçeira danada:)

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  6. Acredito que te dê revolta., mas fiz-te desabafar e isso alivia a tensão. Também tive familiares que vieram com uma mão à frente outra atrás a tapar a vergonha de terem ficado até final, julgando que poderiam recomeçar das cinzas.Ainda lá assistiram à destruição dos seus bens pelos que lá ficaram, pelos seus trabalhadores que em vez de cuidarem, simplesmente destruiriam tudo, tentando assim acabar com as memorias do tempo em que forma explorados(digo eu). Vieram pra casa de irmãos, mas não se sentiam bem. vieram os filhos, netos, mas aqui era impossível recomeçar com a idade que tinham. Então resolveram ir para o Brasil. E por lá ficaram. kisses

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  7. Querida Fatyly

    A perca do pai é a destruição de parte das nossas memórias.

    Beijinhos.

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  8. Avogi
    Pois é nisso que eu penso: foram explorados no tempo dos meus avós, na geração dos meus pais não, embora houvesse sempre excepções. Havia menos racismo em Angola como por exemplo em Moçambique e quem fez toda aquela destruição podiam ter sido alguns trabalhadores, mas instigados e PAGOS por tropas e melícias inflitradas em Angola com ordens de "provocar o pânico", chacina sobre as três raças e a destruição de tudo que pudessem. Se assim não tivesse sido só fugiriam os brancos, mas não, a demanda foi geral - do rico ao mais pobre.

    Os meus pais tinham a sua casa e um carro. Eu não tinha casa, era arrendada e não me gabo como muitos o fizeram que tinham "mundos e fundos". Fiquei para a última e abriguei na minha casa 5 famílias pretas e a casa dos meus pais parecia um lar...jasusssss:)

    Antes de virem venderam a casa e o carro a um grande amigo deles que ficou por lá, que sempre tinha dito que ficaria com ela. Foi demolida há dois anos para dar lugar a um prédio enorme:)

    Enfim e gostei muito deste prosuê:)

    Vicktor
    é um facto e lembro-me tanto dele e da sua força e optimismo:) Teimosooooo, mas éramos os dois e por vezes riamo-nos após um bate-papo mais aceso:)

    Beijocas e obrigado

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  9. Recordar o teu pai não tem que forçosamente carregar tristeza.
    Traz-te saudades e, com toda a certeza, abriu-te um sorriso do tamanho da felicidade de quem se lembra de um pai.

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  10. Observador
    Tens toda a razão e foi mesmo a saudade que bateu mais forte e tanto choro de alegria, de tristeza e até de tanto rir mas sózinha, porque perto dos meus ou até em funerais não consigo chorar porque despejo antes.
    Enfim...

    beijos e obrigado

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  11. Gostaria muito de saber o nome do teu pai...
    Kao.

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  12. Kao
    era muito conhecido no mundo da aviação, mas aqui neste mundo de cabos mantenho a sua/nossa privacidade apesar de ler às vezes em sites que buscam contactos e localização das pessoas daquela época (que sinceramente não faz o meu género) perguntarem mais por ele e pelo meu irmão.
    Tenho imensos primos direitos, todos vindos de lá, mas que sinceramente quem nunca nos contactou e quis saber dos tios nestes trinta e tal anos (imagina tu que um deles morava aqui no fundo da minha rua) não é aqui que responderei a tamanha hipócrisia e estou-me nas tintas para todos eles.

    O meu pai era assim e assim sou eu:)

    Desculpa e não leves a mal!

    Beijocas sinceras

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  13. Só perguntei, pq uma pessoa que me é muito chegada, trabalhou lá.
    Tb não estava à espera que mencionasses o nome dele aqui...
    Beijocas.
    Kao.

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  14. Kao
    Ainda bem que me compreendes:)

    Beijocas e obrigado

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