terça-feira, 15 de julho de 2014

Coisas que me tiram do sério! FOME!!!!

NÃO SR. MINISTRO, A FOME NÃO É UMA "CONDIÇÃO PRÓPRIA" DE TEMPO NENHUM, FÁCIL OU DIFÍCIL

"Hospitais atendem cada vez mais grávidas com fome"


A pobreza e o seu cortejo de horrores, fome, exclusão, indignidade, é o maior falhanço das sociedades modernas.
É um dever ético, moral e legal das comunidades das suas lideranças combater até ao limite o risco de pobreza.
Não tenho nenhuma visão idealista ou romântica do mundo mas considero que independentemente das circunstâncias difíceis, dos recursos,, seja do que for não se pode considerar "normal" a situação de pobreza.
Por isso indignam até à medula discursos e políticas que nos afirmam e impõem o empobrecimento como caminho para a felicidade, para os amanhãs que cantam.
Serve esta introdução para uma referência à perplexidade, primeiro, e revolta depois que causaram as palavras do Ministro da Saúde, Paulo Macedo.
São conhecidas situações de bebés e crianças a que os hospitais não dão alta porque as famílias não têm condições para lhes assegurar as necessidades básicas ou o caso também recorrente de grávidas que chegam às consultas com fome dando-se o exemplo do Hospital Pedro Hispano que já tem mantido grávidas em internamento apenas para lhes providenciar alimentação, algo de perturbador.
Ao comentar estas situações, reconhecendo a sua existência o que registo pois é mais habitual colegas seus afirmarem que a realidade está enganada, o Ministro Paulo Macedo afirmou que chegam cada vez mais ao Serviço Nacional de Saúde “pessoas em condições difíceis próprias dos tempos difíceis em que estamos”.
Como? Condições difíceis próprias dos tempos difíceis?
Não, Senhor Ministro, a fome não é uma "condição própria" de tempo nenhum, fácil ou difícil, de terra nenhuma.
A fome é uma acusação terrível, é um atentado aos direito das pessoas.
A fome é uma acusação, a si, aos seus colegas, aos abutres que gerem os modelos económicos que produzem a pobreza e a fome, aos sucessivos governos, aos que, a maioria de nós, não conseguimos dizer basta.
Existem palavras (mal)ditas. Foi o caso.

Texto de Zé Morgado do blogue Atenta Inquietude

18 comentários:

  1. Eu penso que antigamente as pessoas eram pobres e tinham a consciência disso, adaptando-se aos que havia e ao que podiam ter na medida do possível. Depois, e sobretudo após a adesão de Portugal à então CEE, parece que os pobres passaram a acreditar que eram ricos, porque foi-lhes prometido a riqueza, e começaram a viver com o que não tinham nem podiam ter. Hoje temos isso, pobres que caíram na real e viram que afinal sempre foram pobres.

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    1. Antigamente era antigamente, fome, miséria e tudo o mais.
      A fome de hoje é totalmente diferente, a que vem infelizmente é porque perderam tudo incluindo empregos. Incentivos à natalidade? Pois...conheço uma jovem que no fim da licença de parto não lhe renovaram o contrato e o marido só porque ficou 10 dias também lhe aconteceu o mesmo. Multiplica isto por milhares e verás. Os pais podem ajudar até um certo ponto.
      São os pobres porque obtiveram uma casa e um carrito, que lhes foi retirado o tapete é que são culpados? Tu fostes para a tua terra para ficares mais pobre ou para fazeres parte de uma "classe média"? E esta em terras Lusa onde pára? Ter um filho é um luxo? Brincamos????
      Estamos a voltar ao tempo da miséria...só que não há campos para cultivar, braços hoje tão velhos e cansados para o fazerem...e meu amigo retrocedemos décadas e a mulher, sim a mulher...os velhos, sim os velhos, as crianças, sim as crianças, foram, são e serão sempre o elo mais fraco.

      O antigamente já lá vai e quero é soluções para agora, para um futuro melhor, certo? Mas para quem virou isto tudo de pantanas...a culpa é sempre do povo, do comum cidadão e nunca dos barões criminosos em que a culpa morre sempre solteira.

      Um abraço e obrigado

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    2. Ter um filho é um luxo para os cidadãos nacionais, ou melhor, para pessoas de raça branca, que ainda é a maioria em Portugal. Se fôssemos ciganos ou pretos, poderíamos procriar-nos à vontade, pois é para isso que a Segurança Social verdadeiramente existe e serve.

      Pois, quanto às soluções, nem vê-las... Começo a achar mesmo que Portugal está como está porque merece. O Salazar deve estar a rir-se lá do sítio onde ele se encontra e não, eu não estou a ser irónico nem provocador.

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    3. Nunca te chamei irónico nem provocador. O Salazar não se deve estar a rir, porque foi mentor de inúmeras casas onde as crianças eram depositadas, devolvidas e entregues porque os pais não as podiam sustentar. Só saiam de lá já quase adultos e 99,9% sem carinho nem amor, e por vezes comiam mal.
      Não se chamava Segurança Social, chamava-se um "depósito". Hoje ao tirarem o tapete aos casais jovens, com uma vida programa, alguns 2/3 filhos...queres que façam o quê? Como não tens filhos perguntam aos teus irmãos "o custo" de ter um filho.
      Os ciganos e outras etnias, esses sim procriam-se e muito e olha que as ajudas são muito pouco.
      Quando na década passada houve um incentivo à natalidade, davam um pequeno abano à grávida a partir do 3º mês até a criança completar 6 meses. Conhecendo eu duas obstetras no SNS, baterem o recorde os nascimentos de quem? Dos toxicodependentes e nunca queiras ver um recém-nascido a fazer o desmame da droga, como eu já vi! Muitas delas foram entregues para adopção. Portanto ter um filho não é como ir plantar uma couve...e pesquisa bem o que foi no tempo de Salazar...a maioria filhos de pais incógnitos!
      E fico por aqui, porque ler e ouvir é uma coisa, nasceste muito depois, agora viver é outra.

      Beijos

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    4. Não te esqueças que eu conheço gente que viveu naqueles tempos como tu, gente assim da tua idade ou mesmo mais velha. Aqui em Macau costumo estar com uns senhores portugueses que não têm problemas em dizer que o 25 de Abril foi o dia que destruiu Portugal. O presidente do instituto onde eu trabalho afirma, e ele é de Macau como eu, que naqueles tempos Portugal tinha uma Pátria. Como em tudo, deve ser mesmo uma questão de perspectiva. Podes não concordar comigo e acreditar que eu nunca tenho razão, mas isso também posso eu e os outros fazermos em relação a ti. A verdade é que hoje, volvidos todos estes anos desde a revolução dos cravos, a coisa pelos vistos não está muito melhor. E o pior é que já enterraram o futuro. Agora é claro que sempre é fácil sacudir a água do capote e dizer que não foi para isso que se fez o 25 de Abril. Os chineses também acusaram os soviéticos de terem traído os princípios do comunismo...

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    5. Meu amigo, quando escrevo (neste caso respondo porque o texto não é meu), e julgo que tu também, faço-o sempre numa troca de opiniões e jamais em tempo algum "um ataque numa de tu tens razão e eu não ou vice-versa". Sim, no tempo de Salazar havia uma Pátria como seu escudo. Sim, depois do 25 de Abril continuámos a ter uma Pátria com o seu escudo e alguma vez fomos referendados se queríamos entrar na CEE versus UE? Nunca concordei e se eventualmente concordasse, jamais queria a moeda-euro.
      Agora cada um "no seu casulo/país" é controlado por que organismo? Compete aos representantes de cada país defender os seus direitos perante a UE, a tal Pátria que referes e o que andaram a fazer os vários governos? Os que lá estão a mamar à conta defendem-nos como, quando e porquê?
      Quem fez a verdadeira dívida está preso? os que estão a ser julgados irão devolver o dinheiro gamado?
      Eu jamais sacudo a água do meu capote no quer que seja...e tu viveste cá e tiveste de sair devido ao que foi implementado "salve-se primeiro o capital e depois logo se verá o que fazer às pessoas".
      Eu posso ter uma visão de Angola, bem longe e diferente de quem lá vive, e acredito naquilo que me dizem, com conhecimento de causa e in-loco, certo?
      Não te zangues rapaz, o 25 de Abril foi o derrube da maldita ditadura e guerra colonial onde morreram de ambos os lados tantos jovens e passados 40 anos depois, milhares ainda andam a bater mal da cabeça.

      Fico por aqui...e quero é que esta enorme assoalha da UE que se chama Portugal, saia da crise, consiga colmatar a fome e que a porra da economia suba em flecha para haver mais emprego, não para mim... mas para jovens como tu e até menos jovens.

      Um abraço e obrigado

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    6. E como a maldita ditadura foi derrubada, a maldita democracia vai continuar a fazer das suas. Nas próximas eleições, ou volta o PS, ou continua o PSD/CDS no poder (já estive mais inclinado para apostar na vitória socialista). E depois continuamos com o triste fado.

      Beijinhos.

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  2. São situações complicadas que não se resolvem por decreto. É deplorável que aconteça mas, infelizmente, vão continuar a persistir.

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    1. Jamais "por decreto" mas por limpeza dos corruptos e donos do vil capital.
      É deplorável, infelizmente ou felizmente já nem sei...eu sei bem a cor, a dor, o estado, a procura de,.., o lutar...DA FOME e isso dói. Tanta comida deitada fora, tanta mordomia paga por TODOS NÓS até pelos que nada têm.

      Um abraço e obrigado

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  3. Tinha lido estas notícias aterradoras ontem.
    O mais revoltante é este fenómeno, Fatyly - a fome.
    Onde quer, e com quer. que vitime.

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    1. Tal e qual e conheço casosPedro que não te passa pela cabeça. Assustador "a fome escondida, versus envergonhada" porque muitos pensam como o Fire ao qual já respondi, pode haver casos como ele descreve...mas jamais a maioria.
      Sozinhos podemos ir "até ao raio que nos parta", com filhos o toque é outro...e uma grávida ficar num hospital para comer? Deixar um recem-nascido por não ter como o criar? O pior é que a maioria tinham uma vida estável e em dias perderam emprego, um salário mesmo precário etc e tal. E os velhos...claro...os lares são caríssimos e a hipocrisia que graça na Segurança Social e outros organismos que nunca têm vagas e quando surge algo televisivo...logo aparecem essas vagas?
      POUPEM-ME...é tão fácil destruir...e MUITO difícil reconstruir.

      Um abraço e obrigado

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  4. Grande texto!
    Lamentável esta situação:(
    Beijocas

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  5. O facto de estarmos perante uma situação deveras degradante, leva-me a que abra uma excepção e comente, num blogue, algo escrito noutro blogue.

    Excepção aberta, digo apenas: 'quo vadis, SNS'?

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    1. Tal e qual meu amigo...sociedade que não respeita as mulheres, os velhos e as crianças é uma "merda".

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  6. Fatyly, com a quantidade de comida que é deitada fora, desperdiçada por ano, em Portugal (choca saber os números) esta situação de fome que atinge muitas pessoas poderia ser facilmente ultrapassada. Evitada rapidamente. Palpita-me é que outros interesses se levantam.

    Se se começar pelos agricultores, pela fruta menos bonita que não é aproveitada, pelos legumes menos bonitos que não são aproveitados. Passando pelos restaurantes e a comida que é deitada fora no final do dia. Pelos super e hipermercados, acredito (eu que sou uma optimista com os pés assentes no chão) que a questão de fome no nosso país desapareceria. Volto a repetir, o problema é que outros interesses se levantam. Os interesses de muitos, o dinheiro que cai no bolso de muitos é mais importante do que saber que existem pessoas em situações dramáticas. Aliás, já deu para perceber que a vida humana pouco vale, vale só naquela parte de pagar impostos e mais impostos.

    Também acho que numa altura difícil e apesar dos apelos do governo (apetece esticar o dedo do meio ao governo) para que se pense nesta questão de Portugal estar a envelhecer de forma assustadora, o facto de não nascerem bebés, acho, dizia eu, que ter filhos nesta altura é irresponsável. Se não se tem condições, não se pode pensar em ter filhos. As crianças não vivem do ar, tão pouco de água. As crianças precisam de conforto e estabilidade. As crianças precisam que os governo pense primeiro em não cortar nos ordenados dos pais, tão pouco deixá-los no desemprego e muito menos arrancar-lhes as casas. Raios parta os homens que acham que governam este país.

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    1. Tal e qual Maria disseste tudo, mas tudo!

      Aqui nos vários restaurantes que existem há anos que a comida que sobra é dada a instituições e aqui um mesmo em frente a mim, vem todos os dias 6 pessoas buscar para alimentarem-se e sobretudo os filhos. São conhecidos, excelentes pessoas e no entanto tiveram a coragem de pedir, quando noutros locais disseram-lhe que não, por desculpas do mais aparvalhado e inconcebível que se possa imaginar.

      Um abraço e obrigado

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  7. Atenção, Fatyly, à enorme quantidade de tiques do antigamente que vão surgindo.
    Graças a quem? A mim não é.

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