sexta-feira, 6 de março de 2015

Violência doméstica

Ontem vi a grande reportagem da SIC “O Amor não mata”.
A APAV não consegue dar apoio a todos que sofrem de violência doméstica, porque eu própria fui com uma vizinha da minha mãe e a sua filha e apoios? ZERO! Já para não falar da imensa burocracia. Foi há uns anos e felizmente que o “gajo nojento” morreu com um AVC! Caso contrário não sei no que daria!
A sociedade peca, as instituições pecam, os envolvidos sofrem, os educandos pecam e quem peca mais é precisamente a JUSTIÇA com as penas que aplica e a sua já famosa lentidão!
Não se mudam mentalidades de um dia para o outro. Não há “campanhas” via televisão que surtam qualquer efeito se existirem novelas ou futebol à mesma hora. Não deveria haver guerras de audiências, mas combinarem entre elas e todas juntas “malharem "ao mesmo tempo"com essa mensagem até à exaustão”.
Voltando à reportagem onde falaram várias mulheres e um homem, todos vítimas de violência. Quem é vitima é que fica refém de “abrigos” e os agressores ou agressoras andam a fazer a sua vida como se nada tivesse acontecido. Um jogo de pingue-pongue em que dá vontade de fazer “justiça pelas próprias mãos”, tal como a idosa o fez, foi presa mas disse: salvei-me, mas acima de tudo salvei os meus filhos.
Deve ser terrível ter de viver “escondida(o)” e em “abrigos”. Não digo que sejam maus, mas para mim não passam de prisões, pensões onde por vezes passam vários anos e a maioria com filhos que crescem com “os seus fantasmas” onde questionam o porquê do porquê. Claro que é uma saída do “mundo do horror”, mas volto a afirmar o contra-censo de o gajo(a) agressor continua a fazer a sua vida em liberdade.
Lidei com imensos casos de violência doméstica. Eu própria fui vitima dessa violência, não física mas psicológica, onde viramos objecto, apenas objecto. Não havia as ajudas “técnicas” que há hoje. Não era crime público e havia sim a pena máxima: Uma vergonha para a família, que deves pensar nas filhas num blá blá dantesco.
Tive todo o apoio dos meus pais e de alguns irmãos, mas houve quem falasse mal. A família dele foi o que foi! Não dei ouvidos e pus um ponto final irreversível porque sempre tive dois neurónios que funcionaram muito bem em todas minhas decisões drásticas. Mas melhor do que isso foi o apoio incondicional de alguns colegas de trabalho e do meu grupo diário do comboio.
Fácil? Não e só quem passa por elas é que sabe! Foi um divórcio pacífico e de comum acordo, porque assim o exige e consegui!
Não saí daqui e muito menos deixar as minhas filhas. Falei muito com elas, sempre e sempre, uma com 16 anos e a outra com 10 anos, idades e ou fases do armário. Jamais disse mal do pai e ou as pus contra ele. O único bem que tínhamos - as filhas - sempre esteve com elas quando e como desejava. Se sofri? Claro que sim, o medo por vezes era demasiado "cusco"!
Uma coisa restou: a mais velha fala muito do pai, a mais nova fala apenas e tão só do avô (o meu pai).
Quando nos juntamos falamos de muita coisa e por vezes da “violência doméstica” . Não me meto na vida deles, não opino nada mas todos sabem qual seria a minha atitude se houvesse agressões, quer por parte deles, quer por parte delas.
Por experiência digo apenas: nada resulta se não for a própria vitima, com ajudas ou sem elas, a dizer BASTA e a pôr um PONTO FINAL e que a justiça de uma vez por todas penalize “sem dó nem piedade” o agressor ou agressora!

Termino deixando “um enorme abraço de solidariedade e carinho” a todas as vítimas e sobretudo aos pais e familiares que perderam os seus filhos às mãos de “bestas humanas”!

A sociedade, os familiares, os amigos devem DENUNCIAR SEM MEDOS! Se não o fizermos seremos todos cúmplices, porque depois de "casa arrombada as trancas numa porta não dão resultado algum". Com isso poder-se-à poupar vidas, sobretudo dos elos mais fracos: as crianças!

Mas também nunca esquecer a violência doméstica praticada sobre os mais velhos e na maioria das vezes pelos próprios filhos!

25 comentários:

  1. Depois de tudo o que escreves, não tenho mais palavras.
    Beijocas

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  2. Eis a triste realidade: é impossível erradicar a violência doméstica.
    Beijocas

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    1. A meu ver não será impossível mas enquanto houver barreiras como as actuais, concordo contigo amigo!

      Beijocas e obrigado

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  3. Claro que há barreiras, amiga!
    Estás a ver o macho latino a reagir como um homem-senhor?

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    1. Sim, sim tens toda a razão é mesmo por aí!

      Beijocas e obrigado

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  4. Oi, Fatyly!
    Acho que o governo brasileiro é um dos poucos que apoia a mulher brasileira que mora fora do país. Em Portugal e em outros países, existe um número de telefone disponível para denunciar o agressor. A falta de punição é que faz os covardes valentes. Que sejam eles de qualquer idade ou forma de parentesco ou não.
    Feliz dia da mulher!!
    Beijus,

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    1. Tal e qual Luma e toques no cerne desta problemática tão séria: a falta de punição.

      Também para ti um Feliz dia da mulher

      Beijocas e obrigado

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  5. O problema da violência doméstica - que também acontece quando a vítima é o homem - parece que não foi resolvido com o 25 de Abril de 1974.

    Beijinhos e resto dum bom dia da mulher.

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    1. Para tudo ou quase tudo lá vens tu com o 25 de Abril de 1974 e conforme já te disse, nem sequer te darei resposta a essa provocação!

      Um resto de bom dia do homem!!!!!

      Beijocas

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    2. Pois claro que venho, mas então não foi esse mágico momento que fez com que Portugal deixasse os tempos obscuros da ditadura em que tudo era mau e do pior? Não sei porque é que é uma provocação. Provocação para mim é haver, isso sim, gente que fala mal dos tempos idos, enaltece o 25 de Abril de 1974 e que agora continua na mesma com queixumes...

      Quanto ao dia do homem, eu não sou machista, pelo que não entendo o porquê de existir um dia da mulher. Se clamam pela igualdade, porque é que há um dia da mulher? Isso só dá azo a que os machistas digam que há um dia da mulher e os restantes dias do ano são dias do homem...

      Vá, não te chateies comigo porque pelo menos eu sou sincero nas opiniões que dou. E, como já todos estamos fartos de saber, não dá para agradar a gregos e a troianos.

      Beijinhos e boa semana.

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    3. Começo pelo fim. De forma alguma eu não me chateio contigo e respeito TOTALMENTE a tua forma de pensar. Não vás por aí porque já me conheces bem!

      Depois, chegaste lá, quando escrevi um bom dia do homem, porque para mim todos os dias são dias das mulheres, homens, jovens, crianças e bebés.Ponto!

      A maioria para não dizer 99,9% da violência doméstica é praticada por jovens adultos que nasceram muito, mas muito depois do 25 de Abril de 1974. Defeitos educacionais? Talvez porque no "antigamente" viram, assistiram, aguentaram" ver as suas mães a serem tratadas como "propriedades e lixo" porque a ditadura assim o mandava e ou ditava. Viver é uma coisa, agora saber através de leituras e ou testemunhos por vezes camuflados e ou ainda com medo dos efeitos da PIDE, será outra coisa bem diferente.

      Agora nos actuais tempos tão conturbados de direita e esquerda para mim iguais na forma e conteúdo é praticada pela ganância materialista em prol da desvalorização do ser humano.

      Tudo é fruto do 25 de Abril de 1974 e como já li em comentários desportivos, até quando o seu clube perde.

      Um abraço e uma boa semana

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    4. Isso no fundo acaba por ser normal, pois o 25 de Abril marcou uma altura acabando por deixar o pré e o pró. É claro que antes do 25 de Abril havia muita porcaria e isso eu nunca neguei nem jamais vou negar, mas agora também há muita porcaria e, a julgar pelas ilusões que nos tinham sido vendidas, não deveria mais haver.

      E sim, tu viveste naqueles tempos e podes perfeitamente dizer que houve muita camuflagem e essas coisas todas. Mas eu também facilmente posso buscar o exemplo duma amiga minha, da tua idade ou bem mais velha, que viveu naqueles tempos e se lembra deles com saudade. Ainda por cima ela era filha de um comunista assumido. Se os argumentos dos que repudiam a ditadura é válido, então também temos que aceitar como válidos os argumentos do que gostavam de continuar a viver numa ditadura, ou não? Ou vais-me dizer que vocês é que têm razão e os outros não?

      Também aqui em Macau conheço muitos "cotas" que afirmam sem receios que o 25 de Abril destruiu Portugal. Se por um lado há os que acusam o Salazar pela guerra colonial sem sentido e que resultou em mortes e traumas desnecessárias, a descolonização por sua vez lixou a vida a muitos. Conheço portugueses de etnia chinesa han naturais de Moçambique que tudo perderam e que só não perderam a vida porque não são brancos.

      Não sei porque é que ainda haveriam de ter medo da PIDE que já não existe. Deveriam era antes ter medo do seu futuro incerto. Quer dizer, talvez já não, pois são bem mais velhos que eu e já têm a vida feita. Desgaçados estamos nós os mais novos e ainda com muito para dar...

      Eu prefiro ser mais racional e observar os factos: nos últimos 40 anos Portugal só veio a tornar-se num país pior. Corrupção, insegurança, falta de qualidade no ensino, na justiça, desigualdade na Segurança Social, etc. são apenas algumas conquistas da liberdade.

      A ditadura não fez milagres. Mas antes da ditadura foi mesmo necessário um milagre para que Portugal não tivesse desaparecido duma vez do mapa.

      Beijinhos.

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  6. Querida Fatyly, ando com problemas para publicar em teu blog. Escrevo o comentário mas quando vou publicar ele desaparece e aí já não me lembro totalmente o que escrevi. Mas no comentário que acabei de perder eu dizia que a violência doméstica é uma praga afeta mulheres de todos os países, (uns mais que outros, infelizmente). Precisamos todos protestar contra essa praga. Não podemos pactuar com a violência doméstica, tampouco com a impunidade aos agressores. Neste dia Internacional da Mulher deixo-te um abraço especial, tu que és mãe em dose dupla já que também és avó. Gosto muito de ti!

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    1. Tal e qual e também para ti amiga aquele abraço especial de sempre e para sempre. Também gosto muito de ti e dos teus filhos:)

      Beijocas e obrigado

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  7. Percebi que primeiro tenho que me logar no blogger para depois escrever o comentário. Foi parvice minha, amiga.

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  8. Espero estar ainda cá para ver a violência se desmoronar. Só daqui a muitos anos...
    Está ainda entranhado no macho latino.
    Kis :>}

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    1. Desejo que sim e é demasiado doloroso ver que a maioria são tão jovens, possas!

      Beijocas e obrigado

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  9. Expliquem isso às luminárias que por aqui não querem fazer da violência doméstica crime público.
    Idiotas!
    Beijocas, votos de boa semana

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    1. Tal e qual Pedro, mas pior do que isso é que por cá já é "crime público" e a maioria nem sequer percebe o que isso significa e as bestas continuam a viver bem e em liberdade e a vitima é que se tem de esconder.
      Denunciar é preciso mas é muito complicado mudar mentalidades e para mim é assustador demais porque os(as) criminosos(as) são tão jovens.

      Boa semana

      Beijocas e obrigado

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  10. https://www.youtube.com/watch?v=laVqVyU9vR8

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  11. Sofrimentos calados dentro de 4 paredes.
    Enchem-me sempre de uma angústia tremenda.
    Faço o que posso. Ensino aos meus filhos o poder das palavras. Que devemos falar. falar sempre. Dizer, dar nome, partilhar. Sonhos e pesadelos.
    A vida não deve ser guardada entre 4 paredes. O mundo é grande.
    Haverá sempre alguém capaz de ouvir e ajudar a transformar. Seja o que for!
    Toma um abraço Fatyly!

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    1. É isso amiga tal e qual, mas dou por muito bem empregues até hoje, as horas, resmas de horas de conversa que tive com as filhas e hoje extensíveis aos genros e netos. Não é fácil estar no olho do furacão e ter discernimento para não "agravar mais o quadro que é tão negro". Em contrapartida quem está fora dele...sabe falar, mandar bitaites, condenar etc...e tudo isso provoca um tremendo desgaste.
      Mas até ao fim dos meus dias lutarei para continuar a ser quem sou. Todos e todas que desabafam comigo sabem que tudo que me dizem morre comigo mas dou-lhes "ferramentas" para que consigam vencer tudo e todos.

      Outro grande abraço para ti:)

      Beijocas e obrigado

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