quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Um NÃO audível no Pólo Norte!

Sinceramente ando um bocado perdida, para não dizer apalermada com tantos cursos, artigos e dicas para "uma boa educação dos filhos". Uma protecção que a meu ver é exagerada. Acho que ao crescerem dessa forma "as asas que os farão voar" só surgirão lá para os quarenta anos.

Reconheço que há pais que se vêm aflitos, porque enquanto filhos não tiveram pais e avós que os fizessem crescer saudavelmente. Muitos metidos em Instituições, tantos órfãos entregues ao Deus dará, cresceram sem afectos. Quem nunca recebeu tem imensa dificuldade em dar, mas felizmente há os que tudo fazem para que sejam de facto bons pais. Mas é mau, muito mau tanta informação que não passa do papel e ou da gaveta de quem é perito na matéria...até de quem legisla.

Não vou falar dos que jamais deveriam ser pais só porque nunca os tiveram ou algo do género e resolvem despejar nos filhos "crueldades"dantescas".

Não há nenhum ser humano igual. Pode-se ter um ou vários filhos que nenhum é igual, apesar de receberem a mesma educação.

A maioria das crianças tem tudo, até demais. Não consigo entender como é que crianças que comem na escola "sem pagar" andam com telemóveis da ou de última geração. Pirralhos do básico, com 5/6&7 anos. Não há dinheiro para comer, mas há a velha máxima para não sejam marginalizados pelos outros que podem ter!

Hoje a coisa está a mudar um bocadinho de figura, o professor já tem mais poderes e voltou a existir a figura do director! Julgo eu! No secundário, a meu ver a própria escola deveria ter mecanismos para que em cada turma houvesse um local onde todos os alunos deixassem os ditos desligados. Terminada a aula, cada aluno levava o que lhe pertencia. Existem cacifos nos corredores e tantos que são arrombados sem penalizações! Pois, já não me lembrava dos "cortes versus falta de verba" no pessoal auxiliar e que se encontram no desemprego.

Mas há dinheiro, muito dinheiro que é gasto para os lados de S.Bento e Belém, como convém! Já nem refiro o que foi gasto nas legislativas e o que será gasto nas presidenciais. No entanto os cadernos eleitorais continuam sem actualizações, como convém.

A criança desde cedo tem que saber diferenciar o "SIM" de um "NÃO" e jamais habituá-la ao "NIM"! Tem de saber que há regras para tudo e obrigá-los a cumprir, cumprindo sempre com o exemplo a dar como pais.

Nunca suportei o atraso e dei sempre o exemplo, que, para que tal não ocorra é preciso organização e para que esta funcione, entram as regras.

Há crianças que fazem birras. Caramba é algo natural numa auto-afirmação de um pedaço de gente. Tiram do sério? Claro que tiram, porque os pais já vêm cansados do trabalho, mas têm de ir buscar atrás da lua, a paciência e sobretudo a atenção que a pequenada requer naturalmente.

Gostaria de saber quantos pais falam com os filhos durante o jantar? Quantos abdicarão de ver os telejornais e ou o futebol em prol de? Se não o fazem começa a bulha do cala-te deixa ouvir e às tantas é que se sabe! Dá-se a uma criança de 3 anos o telemóvel com um jogo e aí fica calado. Dá-se, dá-se, dá-se, mas não se dá o que realmente lhe faria bem, atenção, conversa, partilha, interesse em saber como correu o dia!

Depois não há horários para dormirem e quantos já deitados, em vez de lhes lerem uma história, ou os mais velhos lerem duas páginas de um livro, não, ficam a jogar nos tabletes e ou telemóveis.

De manhã com sono, começa de novo a ciranda onde berram todos e ao os descarregarem na escola, dizem...UFA!

Ainda adolescentes quantos pais dão a chave do carro para que os deixem em paz? Para onde vão? Com quem? Terão horas de entrada? Transportes públicos ou andarem a pé faça sol ou chuva faz mal alguém? Nisto poderia dizer muita coisa e apontar erros cometidos por adultos sem pensar nas consequências do amanhã!!!!

Comigo não havia "pão para malucos", tudo corria sobre rodas, porque infelizmente não tive outro braço direito que me chegasse ou ajudasse no quer que fosse. Tiveram e fizeram disparates como crianças e como adolescentes, mas arcaram sempre com as consequências. Tive sempre tempo para longas conversas, partilha, brincadeira...e só Deus sabia o quanto me apetecia dormir!

Agora é a dose dos netos, todos com idades diferentes e vejo que as regras são as mesmas que dei.

Avó ó Avó hoje esqueci-me da "tal" caixa em casa e vou precisar dela de tarde. Podes vir trazer-me à escola? Não linda, hoje não dá. Mas avó vou levar falta. O que foi que a avó te disse na sexta? O que é que os pais te dizem todos os dias? A mochila e tudo o resto deve ser arrumado à noite, para que de manhã não se esqueçam de nada. Mas avó, vá lá, esqueci-me. Não linda e para a próxima vez estarás mais atenta ao que te dizem, certo? Como certo é teres o telemóvel desligado, ouviste?

Gosto muito de ti meu amor, mas por vezes crescer dói! Eu não gosto de ti, adoro-te avó e vou desligar pois vou ter mais uma aula!

Um pequeno exemplo do muito que se pode fazer no campo da "educação". Se me perguntarem...custou-te? Claro que sim, mas tenho a certeza que nos seus dez anos, já com muitos outros exemplos dados e apreendidos, estará no caminho da responsabilidade onde muitos pais e avós falham redondamente! Se nunca fiquei com pesos na consciência em relação às filhas, não tenciono ficar em relação aos netos.

Um desabafo onde na volta não disse nada de jeito!


16 comentários:

  1. A geração dos que têm trinta ou menos anos desconhece o significado da palavra não. Isto falando de uma maneira geral, obviamente. Cresceram num tempo em que havia dinheiro - crédito, quase sempre - para tudo e mais qualquer coisa. Fizesse ou não falta. Cresceram no tempo dos direitos, no tempo em que os deveres não existem e onde todos temos o direito adquirido a impor a nossa vontade e a chamar burro a quem tem uma opinião diferente.

    Mudar isto vai ser difícil. Se calhar só como me disse em off um juiz a propósito deste tema. "Isto não vai lá com leis. Só com uma moca!"

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    1. Tens razão e hoje dar uma palmada ou bofetão num filho, aqui del-Rei. Mas por vezes vale por mil palavras. Mais crescidos e sem necessidades, continuam a querer e a exigir tudo do pais, com almoço, jantar, tomar conta dos netos a tempo inteiro e os pais vão nessa cantiga sem nunca os fazerem sentir que já são adultos e têm que se desenrascar. Tenho três exemplos aqui e por vezes desabafam comigo. O que lhes dizer? Fica difícil mas digo apenas...fazem porque querem já que tudo tem limites.

      Beijos e obrigado

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  2. Educar as crianças é a nossa maior responsabilidade, Fatyly.
    E é uma tarefa difícil, que tem momentos que nos doem, que nos fazem pensar muito, dormir pouco.
    Mas, se o que fazemos, fazemos a pensar neles, devemos continuar.
    Isso não vem nos livros - é sentimento e razão.
    Beijinhos, bfds

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    1. É verdade e nada disso vem nos livros. Devemos ler, ter uma ideia, mas cada criança/jovem é diferente em tudo e é obra o malabarismo que devemos fazer, ter e sobretudo dar testemunhos verdadeiros de que existem regras.

      Beijos e obrigado

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  3. O problema de muitas crianças e jovens de hoje em dia é gritante: trata-se da falta de educação. E a culpa na esmagadora maioria dos casos nem sequer é deles, mas sim de quem os fez porque fez questão de os colocar no mundo.

    Eu levei porrada dos meus pais, ouvi-os dizerem-me muitas vezes a palavra "não", estive também várias vezes de castigo e eu não cresci traumatizado nem nada do género (não é isso que dizem os psicólogos de hoje que pode acontecer às pobres crianças?)! Pelo contrário: hoje dou-lhes razão por terem sido o que foram para mim e agradeço-lhes imenso a educação que me deram.

    Beijinhos e bom fim-de-semana.

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    1. Sim, muitas vezes é a falta de educação por parte dos pais, mas também te digo que por vezes os filhos fogem a todas as regras. Ou seja, em casa e debaixo do olhar dos pais são uma coisa. Quando se apanham sozinhos aprontam a manta por vezes em "grupelhos" e quando os pais são avisados versus alertados, para além do factor surpresa ficam de rastos. Enquanto pirralhos ainda se domina, mais crescidos vai-se dominando. O que é que um adolescente mais detesta? Que lhe façam perguntas, certo? Pois há que saber e estar atento a todos os sinais e por vezes negociar entre aspas. Nunca impus às filhas - tens de estar em casa às X horas, mas perguntava a que horas vinham. Minutos atrasados eram descontados na próxima saída. Diziam onde estavam, davam dois ou três contactos com quem iam. Seria verdade ou mentira? Por várias vezes fui confirmar e só anos depois é que elas souberam disso.

      Alertar é uma coisa, mas o mais importante é estar sempre em alerta máximo!

      Deixa lá que também levei imensas. Dei alguns castigos e lambadas, mas longe da carrada que levei.

      Bom fim de semana

      Beijos e obrigado

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    2. Sabes, no fundo muito também se resume a uma questão de sorte. Por vezes há putos que parecem muito bem comportados, mas não, são os que fazem pela calada. E estes são os piores.

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    3. Sabes o que um amigo meu que é psiquiatra me disse tantas vezes: o meu filho é bom aluno, educado, cumpridor...mas todos juntos são uma cambada de macacos:))))

      Portanto o que dizes é bem verdade e quantos acidentes fatais os pais vêm a saber o que os filhos andavam a fazer? Não concordo que vasculhem as coisas pessoais dos filhos, sobretudo dos mais velhos, mas há mil formas de se saber as coisas, conversando, conversando, conversando!

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  4. Educação, formação, princípios, nunca fizeram mal a ninguém.
    Não dói e, mais tarde ou mais cedo, produz (bons) efeitos.

    Beijinho

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  5. Disseste tudo e muito bem.
    Mas cada vez vejo mais deseducação, alunos a bater em professores e pais a quererem tirar satisfação dos professores.
    Beijocas

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    1. Não consigo atinar e muito menos aceitar o que dizes, porque em vez de saberem o que realmente aconteceu, atiram-se de imediato aos professores para salvarem o "menino ou a menina". Inadmissível e sobretudo a retirada da sua autoridade.

      O último caso que ouvi da agressão a uma professora por parte de um rapazola de 17 anos e devido ao telemóvel...qué lá isso? Enfim...

      Beijos e obrigado

      Beijos e obrigado

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  6. Fatyly, se calhar este não em letras garrafais do seu título, a que acrescentou "audível no Pólo Norte", vai na volta já era bom que fosse audível por aqui, neste nosso Portugal. Tenho esta teoria de que temos que começar pela nossa rua e, a a partir daí ser sempre em crescendo até chegar ao Pólo Norte :)

    Este seu desabafo está a abarrotar de palavras muito jeitosas, ou com muito jeito. O seu jeito. Genuíno. Aquele lado de que mais gosto nas pessoas. Vinte pontos. Vinte palmas a multiplicar por muitas mais. Vinte "e quem fala assim não é gago". Boa! Vinte vezes, também.

    (eu não digo, netas com muita sorte, é o que é)

    Um bom fim-de-semana :)

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    1. Como seria bom Maria, mas assisto a cada coisa mais idiota por parte dos pais e avós, que é de bradar aos céus. Depois queixam-se. Permitem-lhes tudo. A última coisa que vi, foi um neto aí com os seus sete anos a cuspir para o avô porque queria algo. Eu vinha com as duas mais velhas e só ouvi a segredarem uma à outra: havia de ser com a nossa que ele nunca mais faria:)

      Dou colo, muito colo, carinho, conversas, mas também imensos ralhetes e mais novitas levaram algumas palmadas e em nada me arrependo

      Bom fim de semana

      Beijos e obrigado

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  7. É por aí, Fatyly, é por aí mesmo, responsabilizando, que a educação deveria dar os seus passos.
    Dispenso-me de falar do que por aí se vê, interessa-me é salientar a tua postura.
    Grande mulher, grande TIR! :)

    Um bom final de semana :)

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    1. Fico parva com o que se vê por aí, mas enquanto estiver bem das minhas faculdades mentais a postura manter-se-à, porque façamos tudo, mas tudo, até onde chegam os nossos braços.

      Delegar tudo e mais alguma coisa nos professores e ou nas escolas é mau, muito mau e oxalá que se responsabilizem os alunos quando passam as estribeiras.

      Bom fim de semana para ti e todos os teus.

      Beijos e obrigado

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