DESABAFO MEU!!!

 Ontem a minha mãe fez 92 anos e fomos almoçar à minha filha.

O meu genro foi buscá-la ao Lar e do carro até à entrada da casa não quis vir de cadeira-de-rodas mas sim ampara em mim e nele. Um sofrimento estampado no seu rosto mas numa teimosia que é dose. 

O Lar foi todo remodelado e a sala onde ficam está lindíssima mas ela diz mal de tudo, Cada uma tem o seu cadeirão e a televisão enorme foi posta noutra parede. Queixa-se que para ver tem que estar com o pescoço virado. Solução? peça para mudar de lugar, o que já propuseram e não aceitou. Além disso está num quarto individual com televisão o que não acontece nos quartos duplos e triplos. Não quero diz ela completamente azeda. O que fazer? Nada.

Queixa-se que a comida vem fria e já lhe disse para pedir para aquecer o prato. Não senhor não peço porque se não, serão mais a pedir. O que fazer? Nada.

Enquanto se fazia o almoço deu uma lição de moral às minhas netas suas bisnetas e nem me meti porque elas com 18 e 16 anos foram respondendo. Nunca foi hábito da minha mãe e agora deu-lhe para isso como se os tempos de hoje fossem iguais aos do seu tempo. Não me meti.

Todo o santo tempo era só Fatyly vem cá, dá-me isto e mais aquilo, ajuda-me sfv e já!

Ninguém a contrariou e digo-vos do fundo do meu coração: não foi um almoço de anos foi antes um pesadelo que me angustiou imenso porque é uma eterna insatisfeita. Não ligou nenhuma ao bolinho de anos que levei mas quis levar 4 fatias numa caixa.

Fui eu que a levei ao Lar e mal arranquei começou uma ladainha: Não, assim não pode ser, assim não pode ser.  Perguntei-lhe se estava bem e voltou a repetir sem me dar resposta. Um trânsito de lascar! Perto do Lar disse que gostaria de ir ver o mar ao que respondi que àquela hora não havia estacionamento e que ainda tinha que ir ao Modelo, fica para a próxima vez. Resposta? És sempre a mesma nunca obedeces à tua mãe.

Entrei no Lar e a funcionária pela minha cara viu tudo e só me disse "já vi o cenário". Tirei a cadeira de rodas e como a minha mãe estava completamente rota pelo esforço que fez lá foi na cadeira. Dei-lhe um abraço e vim-me embora.

A filha, genro, netas e eu, somos os que mais fazemos TUDO por ela mas o seu registo piora todos os dias. A outra filha e família não pode ir porque trabalhou até às 16h. 

Salvou-se o dia porque todos os meus irmãos, amigos, amigas e ex-vizinhos lhe telefonaram para o Lar.

Cada um sabe de si, mas a minha irmã que mora a 24kms foi festejar com a filha, os anos da mãe a Fátima o que encheu a alma da minha mãe como um grande feito o que respeito, mas a meu ver seria preferível ter vindo ver a mãe ou até eventualmente almoçar connosco ou até dar-me mais apoio, mas não cobro nada.

Com tudo isto ganhei uma tremenda dor de cabeça porque resolvi estar sem lhe responder a sério perante as "queixas de barriga cheia"!

Dormi toda a noite e hoje já estou bem porque o que descrevi já faz parte do passado!!!