domingo, 8 de fevereiro de 2015

DESAFIO: Folhas em Branco que irão ser preenchidas por vós!

Existe o "Caderno Branco", mas optei por "Folhas em Branco" que irão ser preenchidas por quem quiser colaborar.
Não sugiro nenhum tema, apenas que escrevam algo sobre o que entenderem mas da vossa autoria.
Conforme aparecerem irão "para o post" com o autor, mas sem link e mais tarde irei imprimir para guardar como uma recordação vossa!

Fiz o mesmo há uns doze anos, ainda não andava na "blogolândia" e é tão bom reler!

Aceitas? Então força!

1º- de Maria Madeira do "Amanhecer Tardiamente"


Tem dias em que me sabe bem não me preocupar com o que os outros possam pensar de mim. Hoje é um deles. Por vezes desinteresso-me de tudo. Dos lugares. Das pessoas. Daquilo que muitos dizem ser interessante, quando aquilo que eles me querem vender como sendo interessante a mim não interessa rigorosamente para nada. Logo, acho-os gente desinteressante. Insistem em me querer moldar à maneira interessante como vêem a vida. Cansam-me as pessoas que insistem em apontar-me o caminho, tenho sempre a sensação que são sempre as pessoas mais desinteressantes que insistem em apontar-me caminhos. Que insistem em dizer-me para ir por ali. Chateia-me ir por e para onde elas vão. Lêem todas os mesmos livros que dizem ser os livros mais interessantes e só por serem lidos por tantos é que para mim entram automaticamente para a prateleira de coisas interessantes a evitar o mais tempo possível. É arrumá-los lá bem em cima, na última prateleira, onde tenho dificuldade em chegar, assim evito interessar-me por tudo aquilo que os outros se interessam. Sinto um enorme alivio quando olho para a prateleira lá em cima, cheia daqueles livros que gente importante já leu. Sento-me no sofá, fico ali um tempo a olhar, de vez em quando rio como se fosse tonta - só gente tonta não liga nenhuma a gente importante que lê livros interessantes - abano a cabeça, arrisco-me a pensar um bocadinho, muito pouco porque não quero perder o estatuto de tonta. Levanto os olhos ao alto mas não rezo, que isso de rezar é só aos domingos, e desejo que, em vez de livros eu tivesse a faculdade de pôr todas as pessoas importantes lá bem em cima, numa prateleira qualquer onde me fosse impossível ouvir o que dizem. Com toda a
certeza falam de assuntos muito interessantes... que não me interessam.

2º. de Pedro Coimbra do "Devaneios a Oriente"

KUNG HEI FAT CHÓI

Na próxima quinta-feira, dia 19 de Fevereiro do calendário Gregoriano, inicia-se o Ano da Cabra (Yáng) do Zodíaco chinês.
Os nativos deste signo são normalmente tidos por representantes da força e resistência, protectores dos fracos, confiantes e perseverantes.
Dotados de talento artístico, criativos, têm tendência para se envolverem em tarefas de apoio social ao mesmo tempo que abraçam uma carreira no universo das artes.
Inicia-se a época da maior migração mundial interna, de convívio familiar, de tradições que se repetem anualmente.
Macau enche-se de turistas, vê muitos dos seus habitantes de proveniência não chinesa partir para destinos exóticos em gozo de férias.
Com família de origem chinesa e macaense, passo a época aqui em Macau.
É tempo de saborear as iguarias típicas da época, de rebentar panchões (não sigo a tradição) de rever familiares que se fixaram noutras paragens, de trocar os tradicionais lai si (envelopes vermelhos com dinheiro símbolo e augúrio de prosperidade no novo ano que se inicia).
Tudo começará, como também já é hábito, com um almoço (yam tcha) com os colegas de Gabinete na quarta-feira.
Depois será tempo de convívio familiar.
Uma visita aos casinos (permitida aos funcionários públicos nos três primeiros dias do novo ano) não está nos planos.
A época do Ano Novo Lunar costuma (nem sempre é assim) ser a mais fria em Macau.
Não consta que o seja este ano.
Foi-o em 1996, no meu baptismo nestas celebrações.
E aquele frio húmido, que se entranha no corpo, nos gela os ossos, nos faz sentir constantemente encharcados, foi terrível para mim.
O corpo habituou-se, essa sensação horrível, muito mais complicada que o calor húmido, nunca mais aconteceu.
Despede-se o Cavalo, chega a Cabra.
E a obrigatória saudação repete-se vezes sem fim – Kung Hei Fat Chói!

3º. de Boop do "Canto da Boop"

É comum vê-la passear pela praia,

É uma mulher discreta. Corpo longilineo, roupas de tons neutros, um lenço na cabeça nos dias de maior vento.

Chega.

Entra no areal como quem chega a casa, em gestos graciosos senta-se no muro de cimento de tinta amarela já descascada, e tira os sapatos de salto raso.

Adivinha-se prazer de pisar a areia com os pés descalços, de sentir a mescla de calor e frio, o contraste da areia quente exposta ao sol, com a humidade dos grãos ainda molhados pela humidade da noite fria.

As marcas dos seus pés deixam um trilho desenhado até à beira mar.

Às vezes senta-se na areia, e perde-se a contemplar o mar. Outras, caminha lentamente, pés molhados, dançando com a cadência serena das ondas.
Eu gosto de a observar. Tento adivinhar-lhe o estado de espírito ora pela forma como pisa a areia, ora pelo tempo em que se detém junto ao mar. Às vez traz um apontamento de cor garrida. Um lenço vermelho, uma pregadeira laranja. Eu gosto de a ver com o casaco azul turquesa, mas ela usa-o tão poucas vezes.

Vem sempre só.

E eu olho-a de longe.

Mais que uma vez fiz a fantasia de ir ao seu encontro. Mas há algo de imperturbável na forma se relaciona com a praia e o mar.

De alguma forma não está sozinha ali. Está com a vida imensa que existe dentro dela, pessoa singular no seu palco interno povoado de muitos rostos, que ninguém vê. Só ela. Enquanto caminha, encontrando-se consigo própria, ao pé do mar.

4º. de GL do "Olhares que se querem lúcidos"

"Olho-o.
Como tecto, o céu
Como cama, a rua, como companhia gente que passa, indiferente.
Olhar vago, vazio.
Olhar de quem nada vê, olhar de quem já não acredita.
Não acredita no homem.
Não acredita na sociedade.
Não acredita no respeito, porque lhe é devido mas sempre recusado.
Não acredita na solidariedade, para ele apenas um mito.
Não acredita num amanhã, seja lá isso o que for.
Não acredita.

Olha, apenas e só.
Olha, olha-se mas não se reconhece.
No espanto da cabeça vazia, interroga-se.
Quem me transformou neste simulacro de gente?
Quem me roubou dignidade?
Quem me roubou amor-próprio?
Quem me roubou tudo o que se pode roubar a um homem?
Tudo, tudo, tudo...

Vê amanheceres e anoiteceres.
E vê a sucessão de dias, uns após outros.
E noites.
E semanas.
E isso, a que chamam tempo.
Esse não se esqueceu dele.

E é o cabelo que branqueia.
E a pele seca, ressequida por invernos, e verões, nunca primaveras.
Como será a primavera?
E as pernas que fraquejam.
E o corpo...
Corpo? Uma qualquer coisa coberta por um monte de farrapos.
Olhos baços, opacos.
Olhos que já mal vêem.
E gente que passa indiferente.
E gente que também deixou de o ser.
E ele, na sua imensa solidão.
Adormece.
Tranquilo.
Sereno.
Digno.
Finalmente é-lhe permitido ser Homem."

5º.- de FireHead do "Blogue do FireHead"

A minha conversa com a Ana M.

Ana M.: Sabes, ando a gostar imenso de estar contigo.
Eu: Só é pena não te lembrares de mim dos tempos do Colégio D. Bosco.
Ana M.: Eu era muito pequena na altura, tu sabes bem disso.
Eu: Como se eu fosse já muito velho!
Ana M.: Tu percebeste. As coisas estão diferentes agora.
Eu: Também mal era se não estivessem...
Ana M.: Ainda bem que tu voltaste para cá.
Eu: Ai sim? Então porquê?
Ana M.: Porque agora estás aqui comigo.
Eu: Destino, será?
Ana M.: Talvez. Acreditas nisso?
Eu: Acredito que as coisas não acontecem por acaso.
Ana M.: E estares agora aqui comigo ao fim de todos estes anos é alguma coisa de especial?
Eu: Confesso que há muitos anos atrás isso nem me passaria pela cabeça.
Ana M.: Nem pela minha. Deve ser mesmo o destino.
Eu: Um destino que se deve à crise que abraçou Portugal, o que me fez estar aqui de volta.
Ana M.: Agradeço à crise que abraçou Portugal, então.
Eu: Que má que tu és. Então e o povo que sofre?
Ana M.: Sofria eu sem ninguém que me ouvisse como tu me ouves.
Eu: ...
Ana M.: 我愛你 ("ngó ngói lei", em cantonense).
Eu: Não posso!
Ana M.: Que foi?
Eu: Tu já não te lembras que 我識講廣東話 ("ngó sek cóng cwóng tông huá", em cantonense)?
Ana M.: ...
Eu: 我也爱你 ("ngó tou ngói lei", em cantonense).

Nota:

我愛你 = eu amo-te
我識講廣東話 = eu também sei falar cantonense
我也爱你 = eu também te amo

6º.- de Tété do "NATUR(E)ZA)"

"SONHO"

Surpreendes-me a cada esquina, a cada passo
E julgo ver-te a ver-me entre a multidão.
Parece-me ouvir-te chamar se alguém me chama
E sinto o teu perfume na minha solidão.
Discuto e barafusto, é forçoso
Porque não arranjo um outro engenho pr'a chegar
Aonde julgo estar o fim preciso.
Mas discuto disposta a repensar.
Mas seja qual for a minha inquietação
Ou ilusão que haja que temperar
Na minha constante imaginação
Há um grito de amor pr'a te chamar.

7º. de setesois do "Contos Com Pontos"

Para ti...

Ter o teu amor,
Seria ter a paz,
Ter o teu amor,
Seria ter o mar
Como leito,
Ter as ondas para me
Embalar.
Ter o teu amor,
Seria ter o sol
Que me iluminasse,
Que me guiasse,
Ter o teu amor seria,
Ter o teu coração
Ter o teu amor seria,
Voar como quem sonha
Ter o teu amor seria,
Ser feliz,
Ter o teu amor
Era tu me teres a mim.

35 comentários:

  1. Durante esta semana que vai entrar, voltarei para colaborar, Fatyly :)

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    1. Não há pressa faz quando puderes, o que desde já agradeço:)

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    2. Fatyly, como prometido cá está a minha contribuição. Foi um texto que escrevi há algum tempo e continua a fazer todos os dias sentido para mim. Sinta-se à vontade para cortar o texto como bem entender, aliás, eu já cortei uma parte, o resto é consigo :)

      Cá vai:
      Tem dias em que me sabe bem não me preocupar com o que os outros possam pensar de mim. Hoje é um deles. Por vezes desinteresso-me de tudo. Dos lugares. Das pessoas. Daquilo que muitos dizem ser interessante, quando aquilo que eles me querem vender como sendo interessante a mim não interessa rigorosamente para nada. Logo, acho-os gente desinteressante. Insistem em me querer moldar à maneira interessante como vêem a vida. Cansam-me as pessoas que insistem em apontar-me o caminho, tenho sempre a sensação que são sempre as pessoas mais desinteressantes que insistem em apontar-me caminhos. Que insistem em dizer-me para ir por ali. Chateia-me ir por e para onde elas vão. Lêem todas os mesmos livros que dizem ser os livros mais interessantes e só por serem lidos por tantos é que para mim entram automaticamente para a prateleira de coisas interessantes a evitar o mais tempo possível. É arrumá-los lá bem em cima, na última prateleira, onde tenho dificuldade em chegar, assim evito interessar-me por tudo aquilo que os outros se interessam. Sinto um enorme alivio quando olho para a prateleira lá em cima, cheia daqueles livros que gente importante já leu. Sento-me no sofá, fico ali um tempo a olhar, de vez em quando rio como se fosse tonta - só gente tonta não liga nenhuma a gente importante que lê livros interessantes - abano a cabeça, arrisco-me a pensar um bocadinho, muito pouco porque não quero perder o estatuto de tonta. Levanto os olhos ao alto mas não rezo, que isso de rezar é só aos domingos, e desejo que, em vez de livros eu tivesse a faculdade de pôr todas as pessoas importantes lá bem em cima, numa prateleira qualquer onde me fosse impossível ouvir o que dizem. Com toda a certeza falam de assuntos muito interessantes... que não me interessam.

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    3. Lembro-me de ler este teu magnífico texto e não cortei absolutamente nada. Já se encontra no post:)

      Gostei imenso e obrigado do fundo do meu coração!

      Beijos

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  2. Claro que vou colaborar.
    Esta semana vai receber um texto meu.
    Prometo.
    Beijinhos, votos de boa semana

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  3. Não colaboro minha querida, sabes que não gosto, nem sei, nem quero escrever:)
    Beijocas

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  4. Tens preferência no tema? É só dizeres, ponho-me logo a olhar para o ar.
    Se não tiveres preferência, espera sentada. Está um frio do ... disso, nem consigo pensar. O Tico e o Teco estão congelados.

    Boa semana, beijocas.

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    1. O que tens mais é temas rapaz e sfv deixa-te de lérias e não me obrigues a ser má:):):) Não há pressa, este post ficará por uns tempões. Sentada estou eu e quase congelada e os meus são o pateta e Zé Carioca:):):):):)

      Boa semana para ti e todos os teus e não te esqueças ok?

      Beijocas

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  5. Respostas
    1. Que bommmmmmmmmm e fico contente:) mas não há pressas!

      Beijocas

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  6. Penso que é como dizes, é só para mim. Nunca pensaria que fosses capaz!
    Kis , mulher de branco

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    1. Jamais o faria amiga e pensa positivo, não ligues!

      As tuas melhoras

      Beijocas

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  7. Olha, olha, nem se pergunta!
    Vamos a isso!:))
    Beijinho

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  8. Oi, Fatyly!
    Gostei do primeiro texto e compartilho da mesma impressão. As pessoas estão o tempo todo querendo se passar por interessantes e chego a pensar que não vivem plenamente a vida, de tão preocupadas que estão em manter uma imagem interessante.
    Parabéns para Maria Madeira e também à você por nos dar oportunidade de ler o que pensa seus amigos e leitores.
    Vou pensar em algo para escrever! :)
    Beijus,

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    1. É isso aí Luma tal e qual. Aguardarei pelo teu:):):)

      Beijocas

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  9. Envio o meu texto em anexo (não tenho o mail).
    Beijocas


    KUNG HEI FAT CHÓI
    Na próxima quinta-feira, dia 19 de Fevereiro do calendário Gregoriano, inicia-se o Ano da Cabra (Yáng) do Zodíaco chinês.
    Os nativos deste signo são normalmente tidos por representantes da força e resistência, protectores dos fracos, confiantes e perseverantes.
    Dotados de talento artístico, criativos, têm tendência para se envolverem em tarefas de apoio social ao mesmo tempo que abraçam uma carreira no universo das artes.
    Inicia-se a época da maior migração mundial interna, de convívio familiar, de tradições que se repetem anualmente.
    Macau enche-se de turistas, vê muitos dos seus habitantes de proveniência não chinesa partir para destinos exóticos em gozo de férias.
    Com família de origem chinesa e macaense, passo a época aqui em Macau.
    É tempo de saborear as iguarias típicas da época, de rebentar panchões (não sigo a tradição) de rever familiares que se fixaram noutras paragens, de trocar os tradicionais lai si (envelopes vermelhos com dinheiro símbolo e augúrio de prosperidade no novo ano que se inicia).
    Tudo começará, como também já é hábito, com um almoço (yam tcha) com os colegas de Gabinete na quarta-feira.
    Depois será tempo de convívio familiar.
    Uma visita aos casinos (permitida aos funcionários públicos nos três primeiros dias do novo ano) não está nos planos.
    A época do Ano Novo Lunar costuma (nem sempre é assim) ser a mais fria em Macau.
    Não consta que o seja este ano.
    Foi-o em 1996, no meu baptismo nestas celebrações.
    E aquele frio húmido, que se entranha no corpo, nos gela os ossos, nos faz sentir constantemente encharcados, foi terrível para mim.
    O corpo habituou-se, essa sensação horrível, muito mais complicada que o calor húmido, nunca mais aconteceu.
    Despede-se o Cavalo, chega a Cabra.
    E a obrigatória saudação repete-se vezes sem fim – Kung Hei Fat Chói!

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  10. Fatyly,

    Não sabia como fazer. Pensei que podia enviar via mail, mas não tens. Pensei que procedias à validação dos comentários e só depois publicavas mas também não. Resultado: quando vi que o texto tinha ficado publicado até me assustei, assustei-me e apaguei.
    Depois? Bem depois, olha, aqui fica. :))

    "Olho-o.
    Como tecto, o céu
    Como cama, a rua, como companhia gente que passa, indiferente.
    Olhar vago, vazio.
    Olhar de quem nada vê, olhar de quem já não acredita.
    Não acredita no homem.
    Não acredita na sociedade.
    Não acredita no respeito, porque lhe é devido mas sempre recusado.
    Não acredita na solidariedade, para ele apenas um mito.
    Não acredita num amanhã, seja lá isso o que for.
    Não acredita.

    Olha, apenas e só.
    Olha, olha-se mas não se reconhece.
    No espanto da cabeça vazia, interroga-se.
    Quem me transformou neste simulacro de gente?
    Quem me roubou dignidade?
    Quem me roubou amor-próprio?
    Quem me roubou tudo o que se pode roubar a um homem?
    Tudo, tudo, tudo...

    Vê amanheceres e anoiteceres.
    E vê a sucessão de dias, uns após outros.
    E noites.
    E semanas.
    E isso, a que chamam tempo.
    Esse não se esqueceu dele.

    E é o cabelo que branqueia.
    E a pele seca, ressequida por invernos, e verões, nunca primaveras.
    Como será a primavera?
    E as pernas que fraquejam.
    E o corpo...
    Corpo? Uma qualquer coisa coberta por um monte de farrapos.
    Olhos baços, opacos.
    Olhos que já mal vêem.
    E gente que passa indiferente.
    E gente que também deixou de o ser.
    E ele, na sua imensa solidão.
    Adormece.
    Tranquilo.
    Sereno.
    Digno.
    Finalmente é-lhe permitido ser Homem."

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  11. E fizeste bem, já o pus no post e já imprimi todos os que vieram antes que o blogger pregue alguma partida:)

    Lindíssimo e comovente e um hino à "solidão e dor" de um sem-abrigo.

    Obrigado do fundo do meu coração!

    Beijocas

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    1. Foi um prazer, Fatyly!
      É sempre muito agradável participar destes desafios, uma forma de fazer a catarse de realidades que nos afligem.
      Beijinhos e obrigada.

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  12. Entro com um dos meus textos antigos:


    A minha conversa com a Ana M.

    Ana M.: Sabes, ando a gostar imenso de estar contigo.
    Eu: Só é pena não te lembrares de mim dos tempos do Colégio D. Bosco.
    Ana M.: Eu era muito pequena na altura, tu sabes bem disso.
    Eu: Como se eu fosse já muito velho!
    Ana M.: Tu percebeste. As coisas estão diferentes agora.
    Eu: Também mal era se não estivessem...
    Ana M.: Ainda bem que tu voltaste para cá.
    Eu: Ai sim? Então porquê?
    Ana M.: Porque agora estás aqui comigo.
    Eu: Destino, será?
    Ana M.: Talvez. Acreditas nisso?
    Eu: Acredito que as coisas não acontecem por acaso.
    Ana M.: E estares agora aqui comigo ao fim de todos estes anos é alguma coisa de especial?
    Eu: Confesso que há muitos anos atrás isso nem me passaria pela cabeça.
    Ana M.: Nem pela minha. Deve ser mesmo o destino.
    Eu: Um destino que se deve à crise que abraçou Portugal, o que me fez estar aqui de volta.
    Ana M.: Agradeço à crise que abraçou Portugal, então.
    Eu: Que má que tu és. Então e o povo que sofre?
    Ana M.: Sofria eu sem ninguém que me ouvisse como tu me ouves.
    Eu: ...
    Ana M.: 我愛你 ("ngó ngói lei", em cantonense).
    Eu: Não posso!
    Ana M.: Que foi?
    Eu: Tu já não te lembras que 我識講廣東話 ("ngó sek cóng cwóng tông huá", em cantonense)?
    Ana M.: ...
    Eu: 我也爱你 ("ngó tou ngói lei", em cantonense).


    Extraído daqui: http://fireheadsblog.blogspot.com/2012/12/a-minha-conversa-com-ana-m.html

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    1. Nota:

      我愛你 = eu amo-te
      我識講廣東話 = eu também sei falar cantonense
      我也爱你 = eu também te amo

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    2. O teu lado tão terno, maravilhoso e verdadeiro e como acredito no destino...eis a volta que ambos foram obrigados a dar para se reencontrarem. Gostei muito!

      Para mim essa grafia é tremendamente complicada:):):):)

      Obrigado do fundo do meu coração!

      Beijocas

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  13. Gostei tanto!
    E gostei de não saber o que diziam...
    De repente senti-me a invadir a privacidade dos dois quando li a tradução!
    Ahahahah
    Obrigada! Belo texto!
    :)

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    1. Também gostei imenso dessa cumplicidade e com este desafio têm surgido surpresas tão boas:)

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  14. Em breve vou participar, tenho estado em sos, mas nada de grave amiga, mas que me tem tirado algum tempo, quer dizer tem me dado algum tempo, mas como sabes eu sou quase analfabeto, logo não esperes muito de mim.

    aquele abraço terno.

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    1. Claro que espero sempre muito de ti, porque tens sempre MUITO a dar e dás sempre de coração aberto, limpo e sincero e conheço-te tão bem e tenho imensa honra em ter-te como amigo. Sabes muito bem disso e faz quando puderes por escreves muito bem:)

      Aquele abraço terno

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  15. Olá Fatyly!
    Ainda se lembra de mim? Tenho andado fora destas lides e há um mês que nem consigo escrever no meu blogue.
    Tenho-a visitado tal como a outros e outras blogueiras mas tem sido difícil colaborar, mas hoje achei tanta graça ao seu desafio que aqui fica a minha contribuição.
    Um beijinho

    "SONHO"

    Surpreendes-me a cada esquina, a cada passo
    E julgo ver-te a ver-me entre a multidão.
    Parece-me ouvir-te chamar se alguém me chama
    E sinto o teu perfume na minha solidão.
    Discuto e barafusto, é forçoso
    Porque não arranjo um outro engenho pr'a chegar
    Aonde julgo estar o fim preciso.
    Mas discuto disposta a repensar.
    Mas seja qual for a minha inquietação
    Ou ilusão que haja que temperar
    Na minha constante imaginação
    Há um grito de amor pr'a te chamar.

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    Respostas
    1. Claro que me lembro e só te posso agradecer a tua disponibilidade e adorei o que escreveste. Já está no post e devidamente imprimido para não perder:)

      Obrigado do fundo do meu coração!

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  16. Este texto já tem algum tempo, mas como ultimamente tenho andado um pouco ocupado, (também sou tio SOS), e também sem talento, pois isto anda tudo de pernas para o ar.
    Mas aqui fica o meu pequeno contributo apesar de tudo muito simples.

    Para ti...


    Ter o teu amor,
    Seria ter a paz,
    Ter o teu amor,
    Seria ter o mar
    Como leito,
    Ter as ondas para me
    Embalar.
    Ter o teu amor,
    Seria ter o sol
    Que me iluminasse,
    Que me guiasse,
    Ter o teu amor seria,
    Ter o teu coração
    Ter o teu amor seria,
    Voar como quem sonha
    Ter o teu amor seria,
    Ser feliz,
    Ter o teu amor
    Era tu me teres a mim.


    Aquele abraço fraterno.



    Ps: tive de eliminar o outro post porque não estava nos conformes...:)

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    1. É mesmo amigo sei bem como és um dedicado SOS-TIO e gosto tanto deste teu poema e já o imprimi:)

      Obrigado do fundo do meu coração!

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