sexta-feira, 4 de março de 2016

Lentamente começa a assentar a poeira da derrocada.


"Se Deus não quis que eu partisse é porque ainda tem alguma missão para mim. Como tal, devagar vou aceitando a mudança na minha já longa vida".

Palavras da minha mãe onde o sorriso desapareceu do seu rosto mas que aos poucos vai surgindo.

Continuo agarrada ao volante do meu camião TIR. Soltou-se a carga e estouraram os pneus. Encostei na berma da estrada da vida toldada pelas lágrimas. Caiu neve na minha alma e o frio é tão doloroso. A minha garra e força voltaram depois de momentos angustiantes e cansativos. Há quem esteja bem pior e voltei à estrada porque só assim a posso ajudar e também ajudar o meu "eu" e alinhar as coordenadas de uma nova etapa onde a família se juntou de novo.

No Lar tem junto dela tudo o que queria e para trás ficou um recheio do qual já se despegou como se despegou de outros ao longo da sua vida. Não há riquezas e para mim a única "joia" daquele mundo é ela e para já todos conseguimos um lugar digno e condigno onde se sente confortável.

É a vida e infelizmente muitos velhos e até novos, não têm quem os ajude, conforte e abrace.

Quando a filha regressar do congresso e já em ordem a "papelada dantesca das mil e uma coisas que tratei" voltarei aos meus "livros de bolso" que são os vossos espaços dos quais já sinto falta.

Acredito que o sol brilhará de novo!

Um abraço a tu que me lês!

18 comentários:

  1. Minha querida amiga, acho que sei a quem saíste:)
    A tua mãe também é uma lutadora e segue sempre em frente.
    Tal como tu, que cais e levantas-te logo:)
    Claro que o sol brilhará, sempre!
    Muita força para as duas!:)
    Um grande xi:)
    Beijocas

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    1. Sim amiga somos lutadoras mas a minha mãe sempre foi mais resignada do que eu e só eu sei o que me dói ter saído da sua casa, do seu mundo, 15 dias no hospital e directamente para um lar. Cinco dias não é o tempo necessário de habituação num lar que apesar de serem poucos utentes ela é quem está melhor de cabeça. Quer é voltar à pouca locomoção que tinha para poder passear dentro e fora do lar, pelo seu pé. Terá uma fisioterapia para o joelho que lhe dá imenso sofrimento e até o fisioterapeuta ficou parvo com a garra dela. Deita-se, assenta-se e levanta-se sozinha, dá dois a cinco passos até que a dor a vence. Acho que voltará, mas...com a estrondosa queda e o "acordar" do desmaio em pânico tudo fez para se levantar esquecendo-se por completo do joelho...e agora há que esperar, pois ainda está sob vigilância do pace versus pilha do coração.
      Tem o conforto e já lhe levei tudo o que precisava. Já coseu vários casacos das outras senhoras, pregou botões, dobrou guardanapos e para além das palavras cruzadas já está a dar continuidade ao croché.
      É visitada por todos nós numa escala que fizemos e assim eu que sou o seu GPS ter "aberturas" tão necessárias.
      Já dei as volta necessárias e quando entro na sua casa sinto-me num armazém cheio de "nada". Mais à frente teremos de nos desfazer das coisas...mas por agora continua tudo na mesma até ao dia em que todos juntos faremos o necessário. Amanhã irei vê-la e levar-lhe a sua cadeira de verga para o quarto e dar apoio ao genro numa de SOS-Avó o que me alivia muito toda esta mudança.

      Um abraço amiga e obrigado pela tua presença.

      Beijocas

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  2. Digamos que o 'TIR' está de volta.
    É bom sinal.
    É bom saber que a tua Mãe está a recuperar, física e moralmente.
    Nós sabíamos que iria ser assim.
    Beijocas para as duas.

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    1. Obrigado e sim amigo mas ainda com pouco "castrol" no meu depósito. Aos poucos ela vai recuperando e descrevi à Wind a sua tremenda garra!

      Beijocas

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  3. A vida é mesmo assim, ora se agita, ora se aquieta. Seja como for, é bom ter-te de volta, isto sem um camião TIR não tem piada nenhuma. :)
    As melhoras da tua mãe e... um beijinho pata ti. :)

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    1. Tal e qual amigo e o TIR já está em marcha lenta e quando tudo estiver melhor acelerará o seu normal:)

      A minha mãe está bem entregue porque eu jamais conseguiria tratar dela naquele maldito quarto andar sem elevador. Embora num lar, com todos nós atentos e bem atentos, é melhor do que a sua casa, porque são profissionais o que eu não sou de todo. Pela sua forma de ser e estar já fez conquistas. Quando tiver "alta" do pace iremos buscá-la para dar umas voltinhas como ver o mar, ir até à casa da filha...mesmo que seja numa cadeira de rodas. Dar tempo ao tempo...que o tempo soluciona tudo.

      Beijocas e obrigado

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  4. Ola

    Vai correr tudo bem

    O camiao tir ja passou e tudo comeca a ficar melhor.

    As melhoras da tua mae.

    beijocas


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    1. É isso mesmo amiga e há que aceitar e ter paciência.

      Beijocas e obrigado

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  5. Oh amiga, emocionei-me ao ler as tuas palavras. És uma inspiração e uma verdadeira força da natureza. Vais ficar bem, vai tudo ficar bem. Força!
    Um beijinho

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    1. As emoções são muitas amigo e ainda sinto a alma gelada, mas não abro mão da força que Deus me deu e por vezes tenho que me debater contra o "nham, nham" de alguns elementos familiares, porque ela precisa é de palavras de ânimo e não lamechices. Tenho uma coisa muito boa: durmo bem, 8 horas seguidas, sem pesadelos e tudo porque tenho a consciência tranquila de tudo fazer enquanto "ser vivo", seja com e ou para ela ou outros e jamais depois de partirem ou até eu partir. Há coisas que me tiram do sério e sem peias nem meias ponho logo as pintas nos "is".

      Beijocas e obrigado

      Beijocas e obrigado

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  6. O sol brilhará de novo como de novo há-de chover. E ainda bem que assim é, pois a Natureza faz as coisas de forma equilibrada.

    O sorriso pode demorar a surgir de novo, mas isso do demorar é sempre uma questão de tempo. Mais cedo ou mais tarde eis que o sorriso regressa e brilha em todo o seu esplendor. :)

    Beijinhos e sê bem regressada!

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    1. Tal e qual amigo e sinto-me em paz por ter feito e continuar a fazer TUDO que estiver ao meu alcance.

      Beijos e obrigado

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  7. Tu é a força do vento aos poucos tudo enfrentará. Eu, rapariga o rural tenho sempre receio de "Lares" onde tudo à primeira vista de olhos parece bem mas assim que se vira costas os idosos sofrem.
    Mas está sou eu por ISO vai por ti
    Ainda bem que a tua mãe aceita a nova vida. É um peso para a vitória.
    Kis:=)

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    1. É isso amiga. Vi dezenas de lares e nem te digo, nem te conto, porque sim! Tratar de cento e tal velhos é e deve ser diferente do que tratar apenas de 15. Em muitos só se pode entrar na hora das visitas o que me deixa sempre a pulga atrás da orelha.
      Neste onde está a minha mãe, posso - eu e a minha filha mais velha - entrar a qualquer hora de dia e de noite. Quem a visitar também a pode trazer para dar uma volta e ou até almoçar e jantar com a família. Mas ninguém ainda o fez porque o tempo não ajuda e devido ao pacemaker terá consulta no hospital dia cindo de Abril.
      Como é óbvio, tal como os e ou nos infantários devemos estar atentos a todos os sinais.
      O pai do meu genro esteve num em que uma das auxiliares dizia que passava fome, era maltratado etc...e afinal ela abriu um lar e mentia para que ganhasse "clientela". É triste? Claro que sim...por vezes o "negócio" é dantesco.

      A minha mãe aceitou e não fugiu ao que de facto queria, tal como a sua mãe o fez que nunca quis viver com filhos e netos.
      Se está feliz? Não! Sente-se bem? Sim e que na sua casa ninguém conseguiria tratar dela e da sua "dependência". Quer apenas a visita da família e a pouco e pouco o sorriso volta ao seu rosto.Faz hoje oito dias que entrou e tudo leva o seu tempo e só lamenta que Deus não a tenha levado no momento que se apagou. Não sofria e não fazia sofrer...mas aceitou sem qualquer revolta.

      Beijos e obrigado

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