Entendi/entendemos e pela falta que faz sobretudo quando saio/saímos com a minha mãe, comprar um "Mercedes" para facilitar saídas e usos internos. Na sua nova casa há cadeiras, mas incomoda-me, levar uma, demorar o tempo que demorar e pensar que poderá fazer falta a uma colega. Verbalizava esse incómodo e logo ela que não quer incomodar ninguém! Um sufoco!
A ideia surgiu e ganhou forma. Como em tudo na vida de qualquer família há os que assobiam para o lado, mas felizmente a maioria alinhou.
Entreguei o assunto a quem percebe mais de "materiais" e ontem fui buscar e levar o "Mercedes". Quando entrei com o meu carro e ela viu o que retirava do mesmo, levantou-se, pegou na sua bengala e na "sua enorme força de vontade de vencer a dor" caminhou até à porta de entrada.
Nem queria acreditar no que via e lágrimas corriam pela sua face tão marcada pelas "curvas" da vida. Sentou-se e fomos até ao quarto manobrando manualmente o seu "brinquedo" que é mais fácil para os seus bracitos por ser de "liga leve". Também me facilita o "carrego" e para quem a leve a dar uma volta. Sei que tem uma imensa saudade de ir ao Modelo e para a semana irei com ela fazer as minhas compras.
Sem grandes pormenores, expliquei-lhe o sucedido e será repartido por todos os que entraram. Não sei de todo se haverá comparticipação nesta despesa, mas já enviei a documentação. Logo se verá!
Queria saber quem entrou e arrematei TODOS para que não ficasse triste, porque sei que ficaria mais do que já está! Procuro não fomentar guerras porque já basta o tsunami que tenho enfrentado!
Abraçada a mim chorou que se fartou num agradecimento global e profundo. Começa o telemóvel a tocar e ela mal conseguia falar...só dizia OBRIGADO, OBRIGADO, agora sim já me sinto independente!OBRIGADO. Ainda lhe disse num tom que me caracteriza provocando uma risada de duas auxiliares que estavam presentes: agora que tem um carro novo nada de fugir do lar, tá? Resposta dela...malandra és a minha malandra de sempre:)))
Continua a fazer os seus trabalhinhos de croché, a arranjar a roupa que lhe pedem e todos os dias lê umas quantas páginas de um livro, a uma colega de quarto que é cega.
Saí e mais à frente tive de encostar porque os meus olhos eram autênticas cachoeiras.
Nunca pensei...minha mãe, nunca pensei e como tudo isto me dói! Sei que é a vida e estás uma sombra do que eras, mas continuarei em frente sem olhar para trás!