para passarem a tarde comigo. Já fiz um pão-de-ló, uns salgadinhos, apanhei uns cajús, goiabas e mangas e pus mais umas tangas. Ora a jarra já tem umas flores do campo e tenho a cubata limpa com o chão de areia todo direitinho. Mas faltam as bebidas mas se tiverem sede, bebem água de côco ou vão ali à nascente do ribeiro. Também limpei o pó aos meus dois quadros e respectivos rodapés, saboreando cada palavra que escrevi em tempos:
Procuras-me sempre quando estou triste, toma um beijinho mas não abuses, seu convencido!
Hoje já bebi leite a mais, vou guardar este para o meu amigo que sei que não tem nada!Com tudo pronto fui-me sentar à sombra do velho cajueiro que acalmou a minha ansiedade, porque raramente recebo visitas. Será que vão gostar do lanche? e que dirão da toalha tão velhinha? E os quadros serão pirosos?
Através das folhas o vento sussurrava baixinho: não ligues ao exterior e preocupa-te sim com os "gestos" vindo do teu interior.
Foram chegando um a um. Vinham alegres como eu previa e como não sou de cerimónias fizemos um ataque cerrado aos salgadinhos, pão-de-ló e outros "ós"!
Todos olhavam para os meus quadros e disseram coisas tão belas que enquanto saboreava uma "maria mole e um pé de moleque" vindo do lá de lá do oceano, registei o que disseram entre diálogos e pensamentos em voz alta,"num mundo de cabos que por vezes dá-nos cabo dos cabos":
O meu neto
intemporal...Bó Chefe não conhecia estas fotos e que "cumplicidade" e este do biberon fez-me lembrar "um primeiro passo para a independência".
A
Odele com os dedos sobre a boca no seu ar tão doce, sussurrou que "ternura, amor e encantamento", mas tens que me emprestar "para eu pôr à frente de pessoas duras para amolecer os seus corações." Empresto sim senhora, mas posso ir contigo para dar no duro até amolecer?
A
Kao mais caladinha e sucinta afirmou com a cabeça "Ternura e Aconchego" e quem a ouviu sentiu as suas palavras.
O
Observador e o
Vicktor, ambos no seu observar e pensar acutilante falavam enquanto assavam uns chouriços e farinheiras que trouxeram: que "ternura e, de certa forma, um regresso ao passado, embora longínquo"!
Sim, sim "a ternura natural nas crianças pelos seus semelhantes e pelos animais, mas que infelizmente a máquina trituradora que é a sociedade actual vai destruindo essa naturalidade", caso contrário "teriamos um mundo mais valioso".
A
Wind, que diz ser "poupadinha nas palavras" igualmente linda como todos os meus convidados, também achou uma "Ternura e Fofura".
À minha frente a
avogi "com uma lágrima no canto do olho", relembrou "a época em que os seus filhos eram pequenos" e bateu forte "a saudade de voltar ao "seu rural" onde "a filha" já lhe deu 3 netos, o mais novo com apenas 1 mês" mas que "todos convivem com os seus 4 cães". "Saudade...saudade".
Para aliviar um pouco a "saudade", a
Vi Leardi exclama sambando "pungente inocência...helás, o que mais perdemos" e juntando-se a
sideny no seu gargalhar fantástico confirma em alta voz... "Ternura, amor, Que saudade".
O
Peciscas chegou um pouquinho atrasado, mas todos guardámos um pouco do pouco que ficou. O seu cumprimento "bateu cá no fundo" porque num abraço sincero disse:
"Linda a festa. Lindas as tuas palavras. Linda essa gente que tiveste á tua volta.
E muita mais gente aí poderia ter estado.Pois tens por aqui muita gente que te ama.
Mais do que os salgadinhos , o pão-de-ló e os outros ós, o que vale mais ainda é essa tua encantadora personalidade."
Juntou-se à malta e ali ficámos horas a fio e alguém pegou numa viola dando uns acordes ao estilo de Santana...
"Maria...Maria"...e a cubata abanou toda!