- Quando vejo os nossos velhos felizes porque há quem se lembre deles dando-lhes "as sardinhas" que lhes apetecer...
- Quando vejo os nossos velhos que tudo fizeram para que os seus filhos tirassem um curso...
- Quando vejo os nossos velhos com reformas miseráveis em lares da Segurança Social (só com cunhas ou após acidentes graves conhecidos através da comunicação social), Santa Casa da Misericórdia (esgotado etc e tal), Lares privados (uma mina de ouro), a pagarem o que pagam, e pedindo auxilio ao "estado-pessoa de bem e cumpridora" (ai pai eras tu que sempre me dizias esta frase), entra em linha de conta os rendimentos dos filhos, como se estes não tivessem encargos e porque infelizmente não podem ficar com eles, é quase sempre negado e por vezes bastam 50€ para passarem as tabelas existentes e exigentes...
- Quando vejo os nossos velhos com o olhar opaco e tão triste deambulando no sentimento de "dependência monetária dos filhos" o que nunca pensaram ser necessário...
- Quando vejo os nossos velhos a serem maltratados pelos filhos, assaltantes, numa cobardia de merda
pergunto se tudo isto acontece aos pais e familiares, já para não falar dos amigos dos políticos e não só, que se enchem à custa de tudo e de todos numa democracia disfarçada em ditadura?
Nesta espiral de desigualdades sobretudo morais e educacionais- entre os que realmente trabalharam e os que fingem que trabalham resguardados numa política de destruição- há um factor que se lhes escapa, se lá chegarem, um dia serão eles os velhos se entretanto a ganância não os tornar dependentes e aí talvez pensem no que Fernando Pessoa escreveu há 120 anos:
Quem me Dera
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas ...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
Alberto Caeiro
Para nunca deixar de sorrir...Empresta-me os teus sapatos
(imagens do Google)