"Morrer é só não ser visto - Inês de Barros Baptista
A morte é a Curva da EstradaA morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem Ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho!
Fernando Pessoa
"Num livro corajoso, a jornalista reúne aquilo a que chama
13 histórias de «lutos positivos». O título é retirado de um verso de Fernando Pessoa e Inês de Barros Baptista usa-o para retirar o fatalismo que considera estar associado à morte.
«Sem querer ser pretensiosa», a autora espera que o livro ajude as pessoas a lidarem com a inevitabilidade da morte, dizendo que ela, a morte, não tem de ser necessariamente o fim. Pode mesmo ser o início de outro tipo de «relação», como disse numa conversa desassombrada com a Lux."
in Lux.pt .......................
Falo da morte como falo da vida, aceito a morte como aceito a vida, porque ambas estão ligadas e falar da morte ainda é tabu, porque conscientemente ou inconscientemente julgamo-nos imortais. Já tive imensas percas e faz parte de mim fazer bem, ajudar, conviver em vida e quando partem como eu também um dia partirei, choro, revolto-me naturalmente mas instala-se a paz de que fiz tudo enquanto foram vivos e estejam onde estiverem, para mim uma autêntica incógnita, nunca me incomodaram. Falo deles como se estivessem presentes e sem "filmes fantasiados", por exemplo do meu irmão, do meu pai e dos gémeos com quase 7 meses de gestação que morreram ainda dentro de mim e que me neguei a ver o "horror" em que estavam não tendo feito sequer o funeral, mas sim entregue "aos estudantes de Medicina" (não me recordo o nome exacto da entidade de então). Com este último caso fui severamente criticada por alguns católicos fanáticos a quem mandei comer erva!
Adorei ler este livro por ser uma autêntica reflexão com casos reais e não romanceados. Foi perceber um pouco mais como pessoas tão distintas (ninguém é igual a ninguém) que ficam, lutaram e lutam após a perca de quem lhes é tão querido, torneando o trauma dantesco numa "obrigação" tenho que continuar a viver e não apenas sobreviver, onde todos nós (des)crentes
(porque ninguém está livre de passar pelo mesmo) construímos e acreditamos e ou agarramo-nos a ALGO (a que eu chamo fé) sendo a plataforma de superação e aceitação.