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quinta-feira, 28 de julho de 2022
domingo, 24 de julho de 2022
António Gedeão - Poema de domingo
Do GOOGLE
Aos domingos as ruas estão desertas
e parecem mais largas.
Ausentaram-se os homens à procura
de outros novos cansaços que os descansem.
Seu livre arbítrio alegremente os força
a fazerem o mesmo que fizeram
os outros que foram fazer o que eles fazem.
E assim as ruas ficaram mais largas,
o ar mais limpo, o sol mais descoberto.
Ficaram os bêbados com mais espaço para trocarem as pernas
e espetarem o ventre e alargarem os braços
no amplexo de amor que só eles conhecem.
O olhar aberto às largas perspectivas
difunde-se e trespassa
os sucessivos, transparentes planos.
Um cão vadio sem pressas e sem medos
fareja o contentor tombado no passeio.
É domingo.
E aos domingos as árvores crescem na cidade,
e os pássaros, julgando-se no campo, desfazem-se
a cantar empoleirados neles.
Tudo volta ao princípio.
E ao princípio o lixo do contentor cheira ao estrume das vacas
e o asfalto da rua corre sem sobressaltos por entre as pedras
levando consigo a imagem das flores amarelas do tojo,
enquanto o transeunte,
no deslumbramento do encontro inesperado,
eleva a mão e acena
para o passeio fronteiro onde não vai ninguém.
António Gedeão
quinta-feira, 21 de julho de 2022
segunda-feira, 18 de julho de 2022
sexta-feira, 15 de julho de 2022
quarta-feira, 13 de julho de 2022
segunda-feira, 11 de julho de 2022
DESABAFOS MEUS
1- Recém-nascido encontrado em arbustos no Estoril ainda com cordão umbilical
sábado, 9 de julho de 2022
sexta-feira, 8 de julho de 2022
TÉNIS - Nadal despede-se de Wimbledon com lesão
O ténis mundial conhece dois nomes como lendas: Roger Federer e Rafael Nadal. Mas as lendas também envelhecem e, cada vez mais, se torna óbvio que está a chegar o fim de uma era em que estes dois nomes dominaram os mais competitivos escalões do ténis mundial sem concorrência.
Nadal, que sofreu uma lesão abdominal, e que venceu na Austrália e em Roland Garros este ano, acabou por ter de desistir do torneio de Wimbledon, o terceiro Grand Slam de 2022, em que tinha marcado encontro com o australiano Nick Kyrgios para decidir quem iria à final do torneio. O maiorquino de 36 anos – que venceu em Wimbledon em 2008 e 2010 – falha assim a luta por conquistar o terceiro Major nesta temporada, que seria também o 22.º troféu em torneios do ‘Grand Slam’ da sua carreira.
DE: SAPO_SOL
Esta foto comoveu-me e diz tudo!
segunda-feira, 4 de julho de 2022
A Mulher Cão
(Sobre o quadro de Paula Rego)
Ela acendeu a brasa do fogão
anos e anos a fio.Esfregou o soalho
lavou a roupa e os vidros
da janela costurou bainhas
descosidas e levou toalhas a cheirar
a rosmaninho à senhora do andar
de cima.
Foi ao quintal buscar hortelã
para a canja e adormeceu ao som
das gargalhadas felizes dos meninos
hoje já todos engenheiros
com a Graça do Senhor.
Agora está atada ao côncavo
da terra por atilhos
grossos. Ladra à lua
e tudo nela
é carne e sangue.
Morde a mão
e dança a valsa
sobre o chão confuso
de algum sonho diluído lá no longe
nos botões do maestro
do coreto aos domingos e feriados.
Ela é grossa
e ladra à lua.
Sente o corpo a crepitar
e rasga o coração.
Inesperadamente
entre coágulos de sangue
fala línguas
que nunca ninguém lhe ensinou.
Está atada
à sangrenta forja
das gramáticas lunares e procura
uma palavra
um nome mesmo que obscuro
e difícil de entender.
É uma mulher grossa
e no côncavo do corpo
fala línguas
sem sentido.
Deixou secar os coentros
a salsa e a hortelã.
Chama-se cão e ladra à lua.
Vive atada
às chamas que a consomem.
José Fanha, in “Marinheiro de outras luas”
sábado, 2 de julho de 2022
A tradução do post anterior
Depois de tanto "ximbicar"(remar à vara, espetando o bordão no fundo do rio),
encostei na margem o meu "ulungu"(canoa) e entrei no "muxito"(mata junto do rio).Fui até ao "dilombe"(pequeno santuário) a ver se um "cazumbi"(duende)
pudesse fazer em mim uma "kipa"(magia que concede o poder da metamorfose).
Cansada recostei-me na velha "mulemba"(figueira africana bem frondosa)
e de "mataco"(cú) no chão esperei pelo "kimbanda"(especialista da magia)e o seu "milongo"(remédio). Mas nada!
O meu pensamento foi "sembar"(dançar) e "singuilar"(passar a noite a conversar)..
- "Avilo"(amigo) quero "bazar"(fugir) porque estou com "bufunfa"(medo).
- "Avila"(amiga) qual é a "maka"(questão, conflito)? Vem cá "quilumba"(rapariga)
pois estou "banzo"(admirado, aparvalhado).
- "Dikamba"(amigo,companheiro) abraça-me e leva-me para a "kubata"(casa)
onde está a minha "minzangala"(juventude)!
- A tua? não, a nossa! Tupariova" (merda), vamos "mazé" (mas é) ver o nosso "cassuneira" (espécie de cato que chega a atingir 4 m de altura)e guarda este "jimbamba"(búzio) que te ajudará. Não "xingues" (praguejar) mais, doce "quilumba" (moça).
Adormeci!
Um relembrar da minha juventude!
Nunca falei fluentemente o Kimbundo, mas recordei algumas palavras...já tão esquecidas!!!!
Depois de tanto "ximbicar", encostei na margem o meu "ulungu" e entrei no "muxito". Fui até ao "dilombe" a ver se um "cazumbi" pudesse fazer em mim uma "kipa".
Cansada recostei-me na velha "mulemba" e de "mataco" no chão esperei pelo "kimbanda" e o seu "milongo". Mas nada!
O meu pensamento foi "sembar" e "singuilar"..
- "Avilo" quero "bazar" porque estou com "bufunfa".
- "Avila" qual é a "maka"? Vem cá "quilumba" pois estou "banzo".
- "Dikamba" abraça-me e leva-me para a "kubata" onde está a minha "minzangala"!
- A tua? não, a nossa! "Tupariova", vamos "mazé" ver o nosso "cassuneira" e guarda este "jimbamba" que te ajudará. Não "xingues" mais doce "quilumba".
Adormeci!
Depois se quiserem faço a tradução!