domingo, 28 de abril de 2013

O Rei vai nú - uma versão adaptada que merece ser lida!

Contos populares

O rei vai nu

Havia um rei muito tolo que adorava roupas bonitas. Os tolos, geralmente, gostam de roupas bonitas. Pois este rei enviava emissários por todo o país com a missão de comprar roupas diferentes. Os seus guarda-roupas estavam cheios de fatos, sapatos e gravatas de todas as cores e estilos. Eram tantas as suas roupas que ele estava muito triste porque os seus emissários já não encontravam novidades.
Dois espertalhões ouviram falar do gosto do rei por roupas e viram nisso uma oportunidade de enriquecer à custa da vaidade de sua Majestade. Foram até ao palácio e apresentaram-se como «especialistas em tecidos mágicos».


O rei já tinha ouvido falar de tecidos de todos os tipos, mas nunca ouvira falar de tecidos mágicos. Ficou curioso. Ordenou que os homens fossem trazidos à sua presença.
– Falem-me do tecido mágico.
Um dos espertalhões, o mais loquaz, disse:
– Majestade, diferente de todos os tecidos comuns, o tecido que nós tecemos é mágico, porque somente as pessoas inteligentes podem vê-lo.
O rei ficou encantado e contratou-os imediatamente, oferecendo-lhes um amplo aposento onde poderiam montar os seus teares e tecer o tecido que só os inteligentes poderiam ver.
Passados alguns dias, o rei mandou chamar um ministro e ordenou-lhe que fosse examinar o tecido. O ministro dirigiu-se ao aposento onde os tecelões trabalhavam.
– Veja, excelência, a beleza do tecido, – disseram eles com a mãos estendidas. O ministro não viu coisa alguma e entrou em pânico: «Meu Deus,» pensou. «Se não vejo o tecido, sou estúpido...» Resolveu, então, fazer de conta que era inteligente e começou a elogiar o tecido como sendo o mais belo que tinha visto.
«Majestade», relatou o ministro ao rei, «o tecido é incomparável, maravilhoso. De facto, os tecelões são verdadeiros magos!»
O rei ficou muito feliz.
E o mesmo relatório foi feito por todos os outros ministros. Até que o rei resolveu ir pessoalmente ver o tecido. Mas, como os ministros, ele não viu coisa alguma, porque nada havia para ver e pensou: «Os ministros viram. São inteligentes. Mas eu não vejo nada! Sou estúpido. Não posso deixar que eles saibam da minha burrice, porque pode ser que tal conhecimento venha a desestabilizar o meu governo...» O rei, então, entregou-se a elogios entusiasmados ao tecido que não existia.
O cerimonial do palácio determinou que deveria haver uma grande festa para que todos vissem o rei nas suas novas roupas. E todos ficaram a saber que somente as pessoas inteligentes as veriam. Todos os cidadãos inteligentes foram convidados para comparecerem à solenidade.


No Dia da Pátria, a cidade engalanada, bandeiras por todos os lados, bandas de música, as ruas cheias, tocaram os clarins e ouviu-se uma voz, que anunciou: «Cidadãos do nosso país! Dentro de poucos instantes, a vossa inteligência será colocada à prova. O rei vai desfilar usando a roupa que só os inteligentes podem ver.» Canhões dispararam uma salva de seis tiros. Rufaram os tambores. Abriram-se os portões do palácio e o rei marchou vestido com a sua roupa nova. Foi aquele oh! de espanto. Todos ficaram maravilhados. Como era linda a roupa do rei! Todos eram inteligentes.
No alto de uma árvore estava empoleirado um menino a quem não haviam explicado as propriedades mágicas da roupa do rei... Ele olhou, não viu roupa nenhuma, viu o rei nu exibindo sua enorme barriga, as suas nádegas murchas e vergonhas dependuradas. Ficou horrorizado e não se conteve. Deu um grito que a multidão inteira ouviu: «O rei vai nu!» Silêncio profundo. E uma gargalhada mais ruidosa que a salva de artilharia. Todos gritavam enquanto riam: «O rei vai nu, o rei vai nu...»


O rei tratou de tapar as vergonhas com as mãos e correu para dentro do palácio.

Quanto aos espertalhões, já estavam longe e haviam transferido os milhões que tinham ganho para um paraíso fiscal.

História original de Hans Christian Andersen.
Versão adaptada de Rubem Alves

sábado, 27 de abril de 2013

SONO & SONHO


Sono e sonho dois amigos unidos
que brincam no cérebro dos animais
são eles que conseguem os fluidos
para que possamos ser racionais!
-
Meu amigo sono és safadinho
mal caí a noite logo apareces
reluzente enches o meu ninho
no teu embalar me adormeces!
-
Sonhamos todos os dias, pois então
um bem necessário comum a todos
dos que me lembro, faz-me confusão
porque são sempre tão coloridos?
-
Lembro-me de alguns, que delícia
nem vos conto por serem descabidos
mas se vissem a minha grande fúria
quando os mesmos são interrompidos!
-
Acordada é quando mais sonho
dando corda à imaginação
dou colorido e transformo
este velho num jovem coração!

Fatyly
12/08/2005

quarta-feira, 24 de abril de 2013

MIGUEL PORTAS

Faz um ano que partiu e o que diria ao ver a situação calamitosa deste país que se agrava todos os dias?




(imagem Google)

sábado, 20 de abril de 2013

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Política de Interesse

Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações.
A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse.
A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva.
À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.

Eça de Queiroz, in 'Distrito de Évora (1867)

quinta-feira, 11 de abril de 2013

PAI...



Olá pai posso entrar?
Oi rapariga, entra!
Credo pai que poeirada.
Olha-me esta finória, que querias? Estou feliz no meio de milhares de cinzas!
Pai sabes que dia é hoje?
Que dia é hoje? sei lá, datas "de" nunca foram o meu forte e se não fosse a tua mãe estava tramado, mas espera que já te digo...
Não pai, quero apenas dizer que te amo muito!
Estás a pegar-me de "fininho", sempre a mesma, hummmm!
Pai hoje faz quinze anos que partiste e sabes de uma coisa? Passei o dia estranhamente alegre e sorridente, mesmo com picuinhices à mistura vindas de muito lado, a força interior falou mais alto.
Estranhamente Fatyly? Se não fosses minha filha dizia que estavas pirada de todo!
Pai, troca lá isso por miúdos e não uses o teu código de morse!
Sim filha, porque finalmente já obedeces ao teu pai!
Deixa-me rir pai, eu hem?
Filha, tu foste a que me deste mais trabalho, a mais rebelde, mas também sempre soube enquanto estive na terra, que só podia contar, gritar, refilar contigo porque eras a única que ripostavas sem tréguas, mas esquecias tão rápido. Tão depressa metralhavas como me sufocavas com abraços e beijos. Dos "nadas" fazias e fazes uma festa! É mentira?
É verdade e felizmente ainda hoje sou assim, pai! Mas...
Não há "mas nem meio mas". Lembra-te filha o que sempre te disse, p'ra frente é que é o caminho por vezes fácil, outras vezes tão difícil mas jamais quero que baixes os braços. A vida é assim mesmo...tudo passa...mas há que ter fé e manter o coração sempre florido!

Beijo-te pai sem "uma lágrima no canto do olho" mas com muitas saudades tuas!

Munguenê

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Dia 1 e 4 de Abril - PARABÉNS MINHAS FILHAS!





Apesar de a casa estar vazia, não me sinto só, apenas balanço-me no tempo olhando o jardim que plantei e a sua germinação contínua e bela!

Sirvam-se...