segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Que saudades do chifrudo!

Manuel Pinho, virou-se para a bancada comunista com os dedos a imitar os chifres de um boi cornudo. Foi o bom e o bonito. Um escândalo nacional e internacional, primeiras páginas de jornais, aberturas de telejornais durante dias a fio, pedidos de inquérito, fóruns e até sermões de bispos em entrevistas que vexavam uma classe política caída em desgraça. O ministro que viria a provar ser um traste, passara a ser, aos olhos da opinião pública, um tipo rasca, um troglodita, o exemplo da falência dos costumes - como é que alguém se poderia atrever a ter um comportamento tão deplorável em plena Assembleia da República? Passaram apenas 16 anos, foi ontem ou anteontem. Se Pinho era uma besta das cavernas, como definir o que se tem passado naquela que um dia foi a casa da democracia? E como se explica ter tudo acontecido em tão pouco tempo? Alguém que faça hoje uns cornos ou desenhe pilinhas passa por fanático de Teresa de Calcutá... ninguém lhe prestará atenção. Será certamente submerso pelos que insultam cegos e paralíticos, pelos que gozam com mulheres "gordas", pelos que ridicularizam "maricas" e "fufas", pelos que dizem que uma deputada deve ir para a sua terra por ser "preta". Passaram 16 anos e sinto-me envergonhado por este país e pelas pessoas que, tendo votado num grupo de gente do mais rasca que há, se sentem bem representadas. Porque será? LUIS OSÓRIO NO JN