domingo, 27 de março de 2011
Rebobinando o passado, abri uma das gavetas mais dolorosas da minha vida: viver numa guerra civil. Passei coisas inimagináveis e sinceramente o que fazia para comer e dar de comer à minha filha, tudo servia...do capim à mandioca que nascia do nada...porque até as pequenas hortas eram pulverizadas pelas rajadas de metralhadoras. Tudo o que arranjava/arranjávamos era repartido pelos vizinhos...como dizia o brasileiro: acrescenta-se água no feijão!
Água havia nem que fosse da chuva. Nessa luta pela sobrevivência em que não ligamos nada ao matraquear do material bélico, viramos autómatos e não sei, diria talvez insensíveis a certos cenários onde se perde o medo anestesiado pelo silêncio. Não sei e ainda hoje não consigo entender a defesa que se ganha!
Só sei que tinha dinheiro na mão e nada, mas nada para comer versus comprar! Quando cheguei a Portugal olhava para as montras como um burro para um palácio e também não sei dizer a razão porque num curto espaço de tempo (2/3 anos) se perde a memória de bens alimentares que fizeram parte da minha vida.
Hoje deparo-me com um cenário inverso mas felizmente sem guerra, vivendo da minha magra reforma onde sempre houve e há prioridades fundamentais como a alimentação.
O que não acontece a muita gente cujas "prioridades" são bem diferentes das minhas, mas jamais critico.
Não entro na política nojenta que nos querem impingir e muito menos ouvir a aberração de telejornais que está a levar muita gente para o beco de depressões bem graves.
Sobrevivi a uma guerra e vou vencendo as batalhas das quais não posso fugir, com fé, esperança e sem me tirarem o sorriso do rosto, num trabalho interior que cada um deverá fazer o seu e esperar por melhores dias.
Sou assim e agora luto e ajudo a vencer a batalha do "medo e ansiedade", porque a minha neta mais velha vai ser operada no dia 15 ao angioma (remoção total por ser apenas cutâneo o que foi um alívio) que tem atrás da orelha. Não é urgente, e se houver casos urgentes com garotos mais novos, a dela será adiada por uns dias!
Acreditando no que acredito, será mesmo dia 15, sexta feira pelas 17horas e virá para casa na manhã de sábado. Vou buscar a mais nova à escola que dormirá aqui comigo e sábado lá estarei junto deles e livres da porra dos angiomas!!!!
Até lá irei buscar mais vezes as garotas, para que os pais possam compensar o dia D, e os avós servem para isso, não é? pois claro que sim!
Como dizia o meu falecido pai: minha filha, força aí no galheteiro que vai correr tudo bem!
Obrigado por teres lido o meu desabafo e "já de gaveta fechada" recebe o meu abraço sincero e perdoem-me se não estiver muito presente!
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Recebi a tua mensagem e espero que tudo corra bem e vai, sim tu és da rijas transmitiste isso à tuas filhas que por sua vez deram às filhas, por isso estarei aqui a pensar em ti e na menina nesse dia
ResponderEliminarkis :=(
Essas lembranças da guerra, ficaram para sempre não é amiga? Que dias tão difíceis foram esses, caramba!
ResponderEliminarE ainda assim conservas o sorriso no rosto e as mãos estendidas a quem precisa de ti.
Vai correr tudo bem com a neta mais velha, verás. Mas a ansiedade vai estar presente e é normal que esteja.
Es uma pessoa da qual me orgulho de ter como amiga. Vamos em frente!
Beijinhos e que tenhas uma boa semana.
Chego à cubata e sinto a beleza da rosa de porcelana.
ResponderEliminarUm beijo e o meu deserto
DESERTO
Vou caminhando pelo deserto
Ando e ando e é só areia...
Areia, areia e nada mais...
Estou cansada...
Os meu lábios estão secos...
Muito secos...
E eu no meio do deserto...
Só te queria ter...
Para beijares os meus lábios...
E me tirar a sede...
E espero-te para acalmar...
A minha ânsia....
A minha sede...
E o meu desejo...
Desejo louco de te ter...
De te poder tocar...
E finalmente ser feliz...
LILI LARANJO
Claro que já comeste o pão que o diabo amassou!
ResponderEliminarE calro que com a tua netita vai correr tudo bem!:)))
Beijocas
Olá
ResponderEliminarVai tudo correr bem com a neta
beijocas
Anota o que vou escrever.
ResponderEliminarO diagnóstico clínico está feito.
O outro diagnóstico, se é que me entendes, é este: vai correr tudo bem.
Bolas, isto não é um diagnóstico mas sim um prognóstico.
Que se lixe!!!
Fatyly
Faz o papel de avó, de mãe, de refilona, do que quiseres.
Mas podes ter a certeza que um papel não te está a falhar nem tal vai acontecer. O de grande mulher que tens demonstrado ser e vais continuar a sê-lo.
E agora vou ali. Estou aflito e já não aguento.
Ah! E dia 15 cá estamos todos a puxar pela menina.
Avogi
ResponderEliminarO tempo de espera...desespera, mas lá vou mantendo-os calmos e confiantes e sim, vai correr tudo bem:)
Bijocas e obrigado
Odele
ResponderEliminarFicam sempre, embora para muitos fique no que se chama stress traumático de guerra, felizmente eu fiz sempre uma limpeza aos fantasmas e nunca me deixei dominar por eles, talvez pelo feitio que tenho. Foram dias difíceis num desnorte completo mas tiro sempre algo positivo de tudo e jamais apagaram o meu sorriso, o meu acreditar por melhores dias e tento transmitir que "a partilha e dar uma palavra ou simplesmente saber ouvir, para poder ajudar" deve ser componente do ser humano.
Pois a ansiedade algo que domino porque já sei lidar com ela:) é tão chata e todos que a têm sofrem do que eu chamo de SPA-sofrer por antecipação:):):) apre loll
Vai correr bem sim senhora!
Beijocas e obrigado
Africa em poesia
ResponderEliminaré época da minha terra se encher de rosas de porcelana e são de facto lindissimas. Parabéns poetisa:)
Beijocas e obrigado
Wind
ResponderEliminarÉ isso amiga...e acredito que sim, sim, sim:):):)
Beijocas e obrigado
Sideny
ResponderEliminarOh mulher claro que vai e depois de tudopassar temos que ir tomar um café na nossa praia:):):):)
Beijocas e obrigado
Observador
ResponderEliminarTal e qual e olha fiquei sem palavras e oxalá que a tua aflição tenha passado rapido loll
Beijocas e obrigado
"Nessa luta pela sobrevivência em que não ligamos nada ao matraquear do material bélico, viramos autómatos e não sei, diria talvez insensíveis a certos cenários onde se perde o medo anestesiado pelo silêncio. Não sei e ainda hoje não consigo entender a defesa que se ganha."
ResponderEliminarComo te entendo mh amiga.
Mas realmente só quem passou por uma situação dessas pode avaliar o que se sente.
Tal como tu, passei pelo mesmo mas sem a preocupação de ter a meu cargo uma filha.
Aí o medo e a responsabilidade é muito maior, por nos sentirmos indefesos para os protegermos.
Mas agora tens a tua netinha e eu sei que tu vais arranjar forças que não se sabe de onde vêm.
Vai tudo correr bem e tu poderás por fim respirar livre dessa "porra dos angiomas".
Um beijo para a tua netita, outro para ti.
Kao
ResponderEliminargostei imenso do teu testemunho, tal e qual e só quem passa por elas...e com a responsabilidade de uma filha as coisas ainda foram mais além. Foi por ela que abandonei toda aquela "chaga aberta"!
Felizmente já estamos noutra não é? e claro com a neta vai correr tudo bem, mas ela é igual à Srª. sua mãe, minha filha e ainda ontem enquanto jantava com elas...já bombardeia com perguntas "o porquê? do porquê? do porquê?" hehehehehe e mal os pais chegaram pisguei-me lolll
Beijocas e obrigado
Estamos todos a torcer... a torcer muito!
ResponderEliminarUm grande beijinho para ti.
Mfc
ResponderEliminaracredito e obrigado meu amigo que vai correr tudo bem...mas até lá...é uma ansiedade explosiva mas transformo-a em situações bem-dispostas como ir buscar as netas, deixar queimar o frango guisado e o genro dizer "temos frango africano" (mas comeram tudinho)e a luta de ontem com elas e a mãe por causa de pastilhas
elásticas...porque fizeram um assalto à minha carteira onde as tinha escondido para lhes ir dando!
Hoje não fui, mas amanhã irei à lenha, apanhar sol, onde ficará a minha ansiedade e buscar as gaiatas porque me cravaram com um ar tãoooooooooo melecado: Bóooo vais nos buscar para não comermos sopa ao jantar? lolll
Beijocas e obrigado