segunda-feira, 25 de abril de 2011
25 de Abril de 1974 - SEMPRE!
«Trova do Vento que Passa»
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio — é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel Alegre
(poderia dizer muito sobre si como político, mas digo-lhe apenas... NÃO!)
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adoro mas adoro mesmo de paixao essa canção cantada pela amalia.
ResponderEliminarkis :=)
Gosto do poema de Manuel Alegre.
ResponderEliminarBelo poema, bela voz e 25 de Abril, sim!
ResponderEliminarBeijocas
Sei que estás em festa, pá
ResponderEliminarFico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo pra mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também que é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim.
(Chico Buarque de Hollanda)
Feliz Dia da Liberdade!
Feliz 25 de Abril!
Avogi
ResponderEliminarrespeito o teu gosto, mas nunca gostei de Amália Rodrigues. Que fazer?:)
Beijocas
Observador
ResponderEliminarTambém eu gosto:)
Beijocas
Wind
ResponderEliminarGosto desta e de mais umas duas ou três, a que eu chamo música de intervenção...sempre actuais...e o poema é forte e imensamente abrangente e real.
Beijocas
Sam.
ResponderEliminarTambém gosto muito desse grande poema do grande mestre Chico Buarque de Hollanda.
Apesar dos pesares subscrevo as tuas palavras e sobretudo pela Liberdade que em muitos países não existe.
Beijocas
Sempre... fatily.... sempre!
ResponderEliminarEu gosto do poema de M.A. mas não tolero o ser.
ResponderEliminarConheci-o em Mafra, sou do mesmo tempo dele, fui companheiro de armas, mas ele nunca me convenceu.
Os meus ideais não confirmo, nem desminto. A vida militar, levou-me 4 anos e 9 meses. Enquanto a dele puco mais de doisanos. Disse.
Mfc
ResponderEliminartal e qual...sempre!
Beijocas
Espaço do João
ResponderEliminarÉs da mesma opinião de alguns que conheço e que privaram com ele.
Para mim é um grande poeta, como homem não sei, mas como político é um desastre a juntar a outros.
A vida militar...pois é meu amigo, foi tão dura para uns e para outros foi uma "mina de ouro" e alguns subiram de patente na "confusão dos primeiros tempos depois do 25 de Abril"! Não sei se é o caso deste pateta alegre!
Beijocas
Belíssimo poema e um voz poderosa. Obrigado por partilhares!
ResponderEliminarHugo de Macedo
ResponderEliminarTal e qual:)
Beijocas