sábado, 2 de fevereiro de 2019

DESABAFO

A minha mãe volta e meia diz-me para arranjar uma casa para viver comigo. Por isto e mais aquilo no seu registo de sempre: mandona, autoritária e azeda. Desde que me conheço, ela sempre viu o copo vazio e nesta altura acho que nem o copo resiste. Diz-me coisas que me tiram do sério e com toda a certeza se dissesse aos meus irmãos seria motivo para nunca mais a "aturarem". Temos feitios completamente diferentes e eu respeito o seu, como ela deveria respeitar o meu e não me venham com cantigas que é da idade. Sempre foi assim...ora doce, ora cheia de picos, ora...ora!!!

Não, comigo não daria para viver porque a minha preocupação e vigilância passaria para um inferno do vale tudo. Se quer mudar de lar e ou viver com um dos meus irmãos é livre de o fazer, na certeza porém que não mexerei uma palha porque muito já fiz. Ao que responde de imediato: Deus me livre, estou bem, muito bem e não saio daqui excepto se tu mudares de ideia. Não minha mãe veja se começa a ver o copo meio-cheio e tomara muitos terem "o lado bom" que a mãe tem tido aqui!

Passa-me rápido e continuo a ir lar, não apenas "olhar" mas "ver" como é tratada. Dou-lhe conta de toda a sua despesa, não lhe falto com nada, mas ouvir como já ouvi dizer que o que eu pretendo é que ela morra...dói p'ra caramba.

Estive adoentada com a rinite que desta vez levou-me ao tapete. Passou e ontem fui vê-la. Estava mansa, o seu quarto quentinho e tudo cheirava a lavado e pus-lhe creme gordo nas pernas e pés e não me tocou no assunto.

Quem me conhece diz que se eu fosse outra teria muitas razões para a "largar", coisa que só farei se EU morrer, mas entendo o que dizem!

8 comentários:

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    1. É complicada de facto, mas tudo passa e já passou mesmo. Venha a próxima:)))

      Beijocas e obrigado

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  2. Fatyly, li atentamente e só consigo escrever que ninguém tem de a criticar por ter a honestidade de escrever o que sente, sabendo, de antemão - imagino - que o que escreve com essa franqueza que lhe é característica, pode, de alguma forma, dar azo a julgamentos. Julgada no sentido de que as pessoas mesmo tendo razões de queixa em relação aos mais velhos, pai, mãe, dificilmente assumem, preferem enterrar a cabeça na areia como se nada se passasse. Sofrem em silêncio, a sociedade assim impõe, a sociedade impele para a hipocrisia. Somos obrigados numa de conseguir sobreviver, numa de sermos bem aceites por todos e mais algum, a bem saber "hipocrizar". Eu, pela minha parte, chumbei nesse exame, parece que a Fatyly também, ora ainda bem, digo eu que gosto de gente que assume aquilo que é, gosto de gente que não é dissimulada, sendo assim, respire e seja feliz.

    Tenha um óptimo fim-de-semana e desabafe sempre, as pessoas que desabafam, que não guardam os problemas, terão com toda a certeza menos problemas cardíacos :)

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    1. Maria este saiu bem cá do fundo e é mesmo verdadeiro. Não me incomoda nada com os ou as pensam e sentem diferente porque o que mais me interessa é ser honesta, coerente e fazer tudo de forma a não ter remorsos de nada. Hipocrisia e dissimulação é o que existe mais em tanta gente que fui conhecendo ao longo da vida incluindo muitos familiares dos quais me afastei, fatos que jamais vesti/assumi! Há quem venha aqui e que já me conhece há muitos anos e sabe quem eu sou e conhece bem a minha mãe. Depois de desabafar recebi um telefonema que começou assim: Ó mulher coragem qué lá isso hem?...obrigado amigo:))

      Mas também Maria compreendo que há pais e pais, como há filhos e filhos e conheço alguns casos terríveis em que os filhos abandonaram por completo os pais, daí nunca julgar ninguém.

      Beijocas e obrigado

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  3. Querida amiga, tu só não fazes mais porque não podes!
    És uma excelente filha! Tomara muita gente ter uma filha como tu!
    Borrifa para o que os outros dizem!
    Beijocas

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    1. Ora bem e tu já me conheces há muitos anos e este desabafo não é novidade para ti. Se eu contasse metade aos meus irmãos...ui, ui...nem quero imaginar o que lhe diriam. Não o faço porque entendo que não devo fazer.

      Tento ser uma boa filha e digo-lhe isso muitas vezes até porque tem colegas que não recebem visitas dos filhos e há anos!

      Enfim já passou:)

      Beijocas e obrigado

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  4. Amiga como eu a compreendo. Não é nada fácil lidar com pessoas que têm personalidades antagónicas das nossas. ajudei o meu pai durante anos a cuidar da minha mãe, paralisada do lado esquerdo, mas a viverem na sua casa, quase ao lado da minha. Às vezes pensavam como ele aguentava o feitio dela dia e noite.
    Depois que ele morreu cuidei dela durante seis meses, até que o seu estado se agravou tanto que necessitava cuidados médicos e de enfermagem e foi para um lar.
    Não se preocupe com o que dizem. Não são as más línguas que lhe pagam as despesas.
    Deixo um abraço e votos de bom domingo

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    1. Infelizmente não sou a única e muito obrigado pelo teu exemplo e força. Não ligo às más línguas toca-me mais o que ela me diz mas felizmente esqueço facilmente:)

      Beijocas e um bom domingo

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