sexta-feira, 18 de junho de 2021

COISAS MINHAS

 Durante 30 horas o pequeno Noah andou desaparecido e todos os canais falavam do assunto com mil e uma probabilidades do que teria acontecido pondo cenários macabros que ao fazer zeping um tal canal era do piorio. Da Polícia Judiciária nem um pio e digo-vos que mais uma vez tiro o meu chapéu a todos eles porque é um autêntica corrida contra o tempo.

O jornalismo serve para INFORMAR e não para fazer o INVERSO e desliguei a televisão. Só a liguei às 20h - jornal da SIC e a notícia de abertura foi...O pequeno apareceu e foi um autêntico guerreiro deitando por terra tantas "bacoradas" que foram ditas por "especialistas da especialidade" sem nunca dizerem que todas as crianças são diferentes. Passámos do 8 para o 80, embora já tivesse havido casos que digo "pobres crianças que nasceram em berço errado". A investigação sobre o seu desaparecimento continuará a ser feita, mas por favor respeitem o trabalho dos investigadores e eu aguardo o apuramento final.

Não consegui ouvir o telejornal porque choveram telefonemas da minha mãe, irmãos, sobrinhos, filhas genros e netos porque todos sabem do que me aconteceu tinha eu 3 anos contada pelos meus pais e tios ao longo da minha vida e a história é esta:

Os meus pais foram viver para uma casa sem água e luz e foram construindo tudo para que ficasse funcional. A minha irmã mais velha já tinha 3 anos e a minha mãe estava grávida de mim que lhe dei muito que fazer por ter sido gémea (que não vingou) e nasci com 4,950 gr e 58cm. Comecei a andar tarde e mal comecei não parava um segundo e volta e meia fazia coisas impensáveis que não lembrava ao diabo.

Já com 3 anos um dia desapareci e foi a loucura a procura da "menina" e o que mais intrigou foi que o meu amigo Kuanhama (cão pastor alemão) também não estava no quintal,

Em frente à casa havia uma estrada e depois um campo enorme cheio de capim e a 1km ou 2kms havia uma linha férrea onde passava o comboio.

A "pespineta" fugiu através de um buraco na cerca do quintal rodeada de buganvílias de todas as cores, atravessei a estrada e meti-me pelo capim bem mais alto do que eu e sempre a andar com o Kuanhama. Muito calor e tirei a blusinha e segui sempre descalça. Ouviu-se o os apitos do comboio e já perto da linha o Kuanhama agarrou-me pelos calções em forma de balão feitos pela minha mãe e puxou-me para trás sem nunca me largar. Ouve alguém que viu algo a mexer no meio do capim e o meu pai e vizinhos foram  a correr e ainda viram o comboio a passar. Eu que era muito branquinha e loura estava coberta de terra vermelha porque tentava "desgrudar-me" do Kuanhama. Aos vizinhos o cão rosnou sem me largar e só quando viu o meu pai arrastou-me ao encontro dele e largou-me numa de...toma lá a pestinha que eu já fiz a minha parte. 

Não me recordo nada as minhas memórias são mais a partir dos 5 anos que aprontava cada uma que é dose! Deve estar registado no disco rígido cerebral.

Hoje a educação das crianças é feita de tanto nham nham que me incomoda imenso e em vez de brincarem com elas e ainda no berço dão-lhes o telemóvel e afins. Muitos pais e avós substituem jardins/parques por hiper mercados ou então sentadinhos em frente a uma televisão.

A minha filha mais nova por volta dos seus 2/3 anos tinha o fascínio por fósforos que o pai deixava a caixa em qualquer lugar. Ralhava etc etc...e um dia e eu já farta, deixei-a fazer e claro de olho nela, acendeu e queimou levemente um dedinho. Nunca mais o fez. 

Julgar é fácil mas a meu ver é muito mais saudável crescer numa aldeia do que numa grande cidade embora diga que todo o cuidado é pouco para os que são mais atrevidos e desenrascados que por vezes e até em segundos podem fazer asneira.

Nunca por nunca deixei as minhas filhas e ou netas sozinhas quando bem pequenas.

PARA TU QUE TIVESTE A PACHORRA DE LER DESEJO UM BOM FIM DE SEMANA!

19 comentários:

  1. Bom, parece que temos algo em comum. Segundo meus pais diziam, eu ainda não tinha três anos dei-lhes um susto de morte. Nós vivíamos Na Seca, num barracão situado em cima de uns pilares de cimento à beira do rio Coina. Os pilares era para que o rio não atingisse o barracão nas marés grandes de Agosto. Entre o rio e o barracão uma cerca de arame farpado e um portão, por onde entrava o pessoal para trabalhar na Seca. Na época a minha mãe era a porteira, estava grávida do meu irmão, a minha irmã era bebé, e eu teria mais ou menos a idade daquele menino, uma vez que tenho 20 meses de diferença da minha irmã e 32 do meu irmão. Entre a entrada da zona da Seca e o local ada casa do gerente a distancia era grande e inculta. Havia chorões e zonas de silvados de um lado o arame farpado e o rio do outro um pinhal. Por ente os chorões um carreiro por onde circulavam os trabalhadores a caminho da Seca, propriamente dita, para lá da casa do capital. Um dia enquanto a minha mãe levava roupa na celha, eu desapareci . Ela correu tudo mas não me encontrava. Com a minha irmã no berço e uma barriga quase no fim do tempo ela não sabia que fazer senão chamar por mim e chorar. O meu pai chegou para almoçar e ao corrente do que se passava, foi de bicicleta a casa do capitão dizer o que se passava e que não ia trabalhar sem dar comigo. O capitão chamou alguns homens, avisou o posto da guarda fiscal e durante horas todos me procuraram por todo o lado, inclusive no rio. Ao fim da tarde ouviram um cão a ladrar muito junto dum silvado e ao dirigirem-se lá ouviram-me chorar. Ninguém soube como eu consegui entrar num pequeno espaço dentro do silvado, que aparentemente não tinha lugar por onde eu pudesse ter entrado. Tinha o vestidito preso e não conseguia sair. Dizem que de algum modo eu entrei lá e quando não consegui sair devo ter adormecido cansada de chorar e acordei quase noite, e vendo que não conseguia sair e provavelmente com frio e medo voltei a chorar. O cão ouviu e desatou a ladrar. Pelo menos foi o que todos pensaram já que eu não consegui explicar como tinha ido lá parar. E apesar de já por ali terem andado muitas pessoas ninguém ouvira nada
    Abraço, saúde e bom fim de semana

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    1. Já somos mesmo duas "rebeldinhas e desencascadas":))) Gostei da tua história e obrigado por a teres partilhado.

      Beijocas e um bom sábado

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  2. Uma história bem bonita e emocionante como a do Noah - comecei a imaginar que a começar tão cedo um dia ele pode vir a ser um astronauta. Ainda bem que estava lá o Kuanhama
    um beijinho e bom fim-de-semana

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    1. É verdade mas um tremendo susto para os meus pais:))) Agora dizerem que uma criança tão pequena não consegue ultrapassar "barreiras" é demagogia a mais.

      Beijocas e um bom sábado

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  3. Enquanto gaiato criado no campo nunca me deu para isso. Deu para outras, mais ou menos rocambolescas...a mim e à maior parte da rapaziada que vivia nas mesmas circunstâncias, agora é que de tudo fazem um caso e logo com julgamento sumário dos pais!Deve ser gente cujos filhos não saiem debaixo da saia da mãe. Ou do pai, que agora é tudo muito moderno.

    Bom fim de semana!

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    1. Totalmente de acordo porque penso o mesmo!

      Beijos e um bom sábado

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  4. Situação complicada a do pequeno Noah? Andar cerca de 8/10 kilómetros, descalço? Serem civis que o encontraram e não um grupo onde fosse a GNR? Nasci e vivi no campo. As crianças são como enguias. Desaparecem num ápice.
    Eu, respeito toda a informação. Será se fosse filha minha em não agradecia que todos os canais de tv falassem do caso?
    .
    Feliz fim-de-semana. Abraço
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. É verdade que desaparecem num ápice. Claro que o falarem nas televisões será sempre benéfico como um alerta...mas com tanto pessoal tipo futurologistas não é de todo a minha praia.

      Beijocas e um bom sábado

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  5. Um caso com muitos nervos à mistura. Temi o pior. Mas, não sei porquê, mas este caso vai ainda fazer correr muita tinta...
    *
    Traço as linhas do meu horizonte
    -
    Beijos e um bom fim de semana.

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    1. Claro que irão investigar até às últimas consequências mas acho que tudo se irá acalmar e não me venham dizer que crianças pequenas não sobrevivem sobretudo num local que conhecem bem.
      Beijocas e um bom sábado

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  6. Faz-me confusão deixar criança sozinhas.
    Nunca o fiz com as minhas filhas.
    Beijos, boa semana

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    1. Também nunca o fiz com as minhas filhas enquanto muito pequenas. Como fui pai e mãe mais tarde tinha que as deixar mesmo sozinhas porque trabalhava em Lisboa. nos quinze anos que dei apoio às netas nunca por nunca as deixei sozinhas. Mas no meio rural é natural que o façam e este miúdo conhecia bem o terreno...outra cultura.

      Beijocas e um bom dia

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  7. Eu não conseguia deixar uma criança sozinha.

    Isabel Sá  
    Brilhos da Moda

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    1. Neste caso não estava sozinho em casa e numa aldeia para não dizer num meio rural é totalmente diferente do meio urbano.
      A minha filha mais nova por volta dos seus 3/4 anos levantou-se, pôs a mochila às costas, abriu a porta o que me fez acordar e desceu alguns degraus. Agarrei-a e reparei que estava num surto de sonambulismo e deitei-a de novo. No dia seguinte fui comprar uma corrente e pendurei-a bem alto.
      E se eu não acordasse? Pois seria acusada por tudo e mais alguma coisa.
      Todo o cuidado é pouco e em segundos pregam-nos sustos de tirar o fôlego.
      Nunca as deixei sozinhas e muito menos os netos hoje já bem crescidos.

      Beijos e obrigada

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  8. Li com o maior agrado. Ah, grande Fatyly!

    Abração :)

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  9. Acompanhei o caso e estava a torcer para que a criança fosse encontrada. Quando mudei de canal para a CMTV apareceu em exclusivo e em primeira mão (como a CM sempre diz) que a criança tinha sido encontrada viva e com saúde. Fiquei tão feliz! Acho que toda a nação ficou. Sempre tive esperanças de que esse seria o resultado. Mas temos de olhar para os factos: vem à lembraça o tal pai que disse que a filha era sonambula e desapareceu de casa durante a madrugada - quando na realidade a tinha assassinado. E histórias como esta, infelizmente, não são incomuns. Partem-nos o coração, deixam-nos sépticos e fazem-nos suspeitar.

    Ainda assim, concordo que se deve deixar a polícia averiguar os factos e sempre julgar com base em FACTOS, não ESPECULACOES.

    Cabe ao espectador saber distinguir e relativizar. Porque a maioria das pessoas - parece-me, escutam o reporter dizer "é possível que", "supostamente" e tomam aquilo como A VERDADE.

    O reporter NUNCA pode dizer algo que não sabe. Mas pode "supor" desde que informe que está a supor ou é a suposição de outras pessoas.

    Anyway...
    Concordo ainda mais com o facto de hoje em dia a maioria desprezar a capacidade de uma criança. Dizendo que não podia ter caminhado para muito longe. Basta-me lembrar delas quando gatinham... a velocidade que ganham e o quanto temos de correr freneticamente atrás antes que ponham a mão onde não devem!

    Já de pé podem caminhar tão rápido como outro ser que caminha em duas pernas. Especialmente se levarem horas de avanço. Crianças devem ser educadas como o Noah. Porque não? Dá-lhes autonomia, uma percepção do que é a vida muito diferente de uma criança criada em apartamento e que vive fechada neste, interagindo mais com a tecnologia do que com pessoas, animais, mato, natureza...

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    1. Concordo com tudo o que dizes e eu que fui pai e mãe sempre dei autonomia às filhas mas com imensas regras e se não cumprissem não havia nada para ninguém:)
      Quanto ao canal CM não vejo porque a pressa de darem notícias desgraçadas e violentas e algumas nada assertivas tira-me do sério.
      Mas a minha mãe é o canal que vê e depois entra em contacto comigo e blá, blá, blá...completamente em pânico. Enfim!

      Beijocas e um bom dia

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    2. Escrevo para saberes que li a tua resposta.
      FYI: Eu também não sintonizo a CMTV - aliás, não vejo noticiários. Tb foi a minha mãe que mudou de canal e nesse instante o pivot dizia, ao mesmo tempo que a reporter em local enviava um SMS (provavelmente sobre o caso) que a criança tinha sido encontrada com vida.

      Mas não tenho nada contra a CMTV.
      Pelo contrário. Até os admiro.
      Há que haver um contrabalanço. Ou seriam todos iguais.
      Pelos menos a CMTV incita a competição - ao ser quase sempre a primeira a meter a noticia no ar. E isso requer muitos recursos e esforços. Os canais mais "ricos" deviam estar a par do mesmo.

      Cumprimentos e bons posts! :)

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