sexta-feira, 10 de junho de 2016
Um novo Mercedes!!!
Entendi/entendemos e pela falta que faz sobretudo quando saio/saímos com a minha mãe, comprar um "Mercedes" para facilitar saídas e usos internos. Na sua nova casa há cadeiras, mas incomoda-me, levar uma, demorar o tempo que demorar e pensar que poderá fazer falta a uma colega. Verbalizava esse incómodo e logo ela que não quer incomodar ninguém! Um sufoco!
A ideia surgiu e ganhou forma. Como em tudo na vida de qualquer família há os que assobiam para o lado, mas felizmente a maioria alinhou.
Entreguei o assunto a quem percebe mais de "materiais" e ontem fui buscar e levar o "Mercedes". Quando entrei com o meu carro e ela viu o que retirava do mesmo, levantou-se, pegou na sua bengala e na "sua enorme força de vontade de vencer a dor" caminhou até à porta de entrada.
Nem queria acreditar no que via e lágrimas corriam pela sua face tão marcada pelas "curvas" da vida. Sentou-se e fomos até ao quarto manobrando manualmente o seu "brinquedo" que é mais fácil para os seus bracitos por ser de "liga leve". Também me facilita o "carrego" e para quem a leve a dar uma volta. Sei que tem uma imensa saudade de ir ao Modelo e para a semana irei com ela fazer as minhas compras.
Sem grandes pormenores, expliquei-lhe o sucedido e será repartido por todos os que entraram. Não sei de todo se haverá comparticipação nesta despesa, mas já enviei a documentação. Logo se verá!
Queria saber quem entrou e arrematei TODOS para que não ficasse triste, porque sei que ficaria mais do que já está! Procuro não fomentar guerras porque já basta o tsunami que tenho enfrentado!
Abraçada a mim chorou que se fartou num agradecimento global e profundo. Começa o telemóvel a tocar e ela mal conseguia falar...só dizia OBRIGADO, OBRIGADO, agora sim já me sinto independente!OBRIGADO. Ainda lhe disse num tom que me caracteriza provocando uma risada de duas auxiliares que estavam presentes: agora que tem um carro novo nada de fugir do lar, tá? Resposta dela...malandra és a minha malandra de sempre:)))
Continua a fazer os seus trabalhinhos de croché, a arranjar a roupa que lhe pedem e todos os dias lê umas quantas páginas de um livro, a uma colega de quarto que é cega.
Saí e mais à frente tive de encostar porque os meus olhos eram autênticas cachoeiras.
Nunca pensei...minha mãe, nunca pensei e como tudo isto me dói! Sei que é a vida e estás uma sombra do que eras, mas continuarei em frente sem olhar para trás!
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Não sei o que dizer. É muito profundo o que dizes, fico sem jeito para dizer o que quer que seja sem correr o risco de estragar esses vossos momentos tão tristes mas, ao mesmo tempo, tão enriquecedores.
ResponderEliminarDesejo-vos tudo de bom. Darás, faço questão, um beijinho meu à senhora tua Mãe.
Beijocas, lutadora!
Já disseste o bastante para me aconchegar a alma e sei que estás presente! Amanhã virá a minha irmã do norte, vou buscar a minha mãe e o seu Mercedes:) e vamos almoçar à filha. Não te convido porque sei que não gostas...Uauuuu SARDINHÁÁÁSSSS:)))
EliminarBeijos amigo e obrigado
Amanhã dar-lhe-ei o teu beijinho:)
EliminarQuerida amiga sei que é duro, mas ela ficou tão feliz e é isso que tens de pensar:)
ResponderEliminarEla é uma valente e tu também!
Beijocas para as duas!:)
Claro que sim e é duro, mas sei que ficou feliz porque não contava ser tão rápido. Já estou nos eixos mas sou eu que levo os trancos maiores e Deus saberá a razão:)
EliminarBeijos amiga e obrigado
Amanhã dar-lhe-ei as tuas beijocas:))))
EliminarNão há verdadeira liberdade sem mobilidade. Foi um gesto muito bonito da vossa parte e aqui aproveito para, também eu, vos agradecer por mais um sinalzinho de que afinal sempre vale a pena ter esperança na humanidade.
ResponderEliminarClaro que sim embora ela com a fisioterapia que teve voltou a dar uns pequenos passos, mas longe do que andava antes. É a vida e claro que sim, devemos ter sempre esperança na humanidade e fazermos tudo o que pudermos até onde cheguem os nossos braços.
EliminarBeijos amigo e obrigado
Parabéns, Fatyly!
ResponderEliminarParabéns pela pessoa bonita que mostras ser mas, e muito principalmente, pela filha que és. Não serás única, mas que fazes parte de um grupo restrito não duvides.
Só quem não conhece o abandono, a indiferença a que são votados a maioria dos nossos idosos é que ignora esta realidade.
Beijinho para ambas.
Quando falei do assunto e por casualidade foi com a minha filha mais nova, disse-me logo...mãe avança. Passado um bocado telefona-me a minha irmã mais velha que entravam assim como um dos filhos. Ou seja foi num ápice que a coisa se espalhou. Quem quer tudo ok, quem não quer...farinha amparo ou farinha 33 e maisnada:)))))
EliminarSim já conhecia essa realidade e há lá três senhoras que há muito não recebem visitas.
Sabes amiga temos que saber e BEM a razão de tal postura, porque tive um caso nos meus mais próximos, cujo pai era mau, após o AVC ficou ainda mais super mau/intolerante/mal-criado que não te passa pela cabeça. Como te sentirias? Não deixou de ir visitar o pai...mas teve de espaçar muito para não dar em doido. É triste? Claro...mas se fosse comigo podes ter a certeza que mudaria ou eu deixaria de ir visitar.
A minha mãe sempre foi mais aberta e descarrega "entre aspas" comigo porque sou a que estou "mesmo à mão". Nem precisa falar para ver e ler nos seus olhos o que se passa e até na sua voz se for via telefone. No entanto perante os meus irmãos...é tudo "rosas" e há anos que ela sabe bem como eu funciono e depois de lhe dizer as coisas e pôr as pintas nos "isss" lá vem ela meter-se comigo, num blá, blá etc e tal, porque sabe muito bem que...dá-me forte mas passa tão rápido.
Não faço mais que a minha obrigação porque foi sempre uma boa mãe, sogra, avó e bisavó.
Dar-lhe hoje o teu beijinho porque daqui a nada vou buscá-la para almoçarmos na casa da filha com a minha irmã do norte e marido:)))) Sardinhas é o menu pedido pela dona do Mercedes:)))
Beijos amiga e obrigado
Fatyly, não gosto muito de Mercedes, mas esse enche-me as medidas: repleto de carinho, de afecto, de respeito pela condição humana.
ResponderEliminarSabes uma coisa? Que se lixem os outros, o que conta é o caminho que percorremos. E, o teu, parece-me que está a ser muito bem calcorreado, apesar das mágoas.
Forte abraço, amiga :)
Os meus pais ainda em Angola tiveram carro. Estava eu para nascer quando a minha mãe tirou a carta e numa época que tudo parecia mal. O meu pai fez questão. Ambos sempre gostaram de Mercedes mas nunca tiveram nenhum. Actualmente há um modelo mais citadino que gosto, mas para além de ser caríssimo, bebe gasolina que se farta já para não falar da manutenção.
EliminarE a cadeira passou logo de estatuto...é Mercedes e mais nada:)))
É isso amigo e por vezes calcorreando com os pés em sangue...mas enfrento tudo com optimismo, verdade e sorrio mesmo chorando vencendo um dia de cada vez. Por vezes os meus dizem...podes ver que vai desabar o tecto e dizes que não e ris ainda por cima. O certo é que sou assim...embora tenha sempre os pés bem assentes na terra
Obrigado e outro ainda mais forte, amigo:)
Olá, Fatyly.
ResponderEliminarNem sei que diga. Queria dizer, mas...
confesso que custou-me ler, a meio já me sobe a emoção - não sei se é da idade, ando uma manteiga, gente...
Abala-me tanto estas mudanças de vida, de forças...
És bonita, Fatyly, na tristeza há que ter beleza de alma.
um bj nesse teu coração e um xi à mãe
Foi de facto uma mudança de vida, como outras que já teve na sua longa vida, como a perda do meu irmão. Mas a idade torna tudo mais frágil, apego, saudade embora a decisão de ir para um lar e desfazer a sua casa para ser vendida, foi dela.
EliminarEu sou o seu GPS e ponto de união dos meus irmãos e família, o que não é igualmente fácil, mas tenho conseguido.
É a vida amiga e temos que aceitar e tem tido mais visitas do que tinha na sua casa, quer de familiares, quer de amigos e vizinhos.
Beijocas e obrigado