Liberdade, Dignidade e Autonomia na Vida e na Morte
de: Paulo Trigo Pereira
Afirmar que havendo cuidados paliativos e “testamento vital” já não é necessário a possibilidade legal da eutanásia e do suicídio assistido, não é razoável. São, como sabemos, caminhos diferentes.
Ao José Avelino Lima de Faria,
no momento da despedida
1- Cada uma e cada um deve ter o direito de viver a sua vida com liberdade, com dignidade e com autonomia e agir de acordo com a sua vontade, desde que isso não interfira na liberdade dos outros. Os princípios fundamentais que aplico à vida são os que aplico à morte. O que está em discussão pública e que será votado amanhã é apenas isto: a possibilidade de alguém, lúcido, com doença terminal, e grande sofrimento ter a liberdade de solicitar reiteradamente a médicos que a sua dignidade e autonomia sejam preservadas no momento final da sua vida, encurtando-a, e que estes médicos e clínicos não sejam criminalizados por isso. Estou convencido, como a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros e o Dr. António Leitão, que a eutanásia é praticada já hoje em Portugal, pelo que este artigo aborda dois tópicos. A legitimidade e a razoabilidade de legislar sobre a eutanásia e as previsíveis consequências da sua aprovação face ao status quo actual. Este artigo é uma crítica aos críticos pelo que me escuso de citar os argumentos dos que o defenderam publicamente no PS – António Costa, Maria Antónia Almeida Santos, Isabel Moreira – no PSD – Pinto Balsemão e Rui Rio. No Bloco – João Semedo ou José Manuel Pureza, entre muitos outros. Estou muito alinhado com o que pensa Alexandre Quintanilha (PS), pelo que coloquei um texto seu no meu site pessoal onde defino esta como uma das prioridades da legislatura.
O campo em que o debate sobre a eutanásia e o suicídio assistido se deve colocar é o dos direitos humanos e é por isso que uma ideia como referendar este assunto é completamente despropositada. Não se referendam direitos humanos. E a questão essencial que se pode colocar é o de saber quem deve ser a entidade que deve ajuizar sobre o sofrimento individual tolerável e aceitável. Cada um de nós terá os seus limites de suporte da dor. Cada um de nós tem a sua concepção do que é uma vida com dignidade. Cada uma de nós terá a sua noção do grau de dependência dos outros, a partir do qual, a sua autonomia, a sua liberdade e a sua dignidade estão seriamente afectadas.(...)
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É um assunto muito mas mesmo muito discutível, Em 3 pessoas, pelo menos uma, discorda da eutanásia. Penso eu, não sei...
ResponderEliminar.
* Beijo-te no silêncio do imaginário *
.
Votos de um dia feliz.
Claro que é discutível e a meu ver deveria ser referendado e assim o povo decidiria e não ficaria apenas pelos deputados cuja maioria não tem por parte do partido a liberdade do ou no voto. Este artigo com o qual concordo vai no sentido do sim, mas converge que cada um será dono da sua decisão, daí eu repetir que deveria haver referendo.
EliminarVamos a ver no que dá!
Beijos
É um assunto que vai dar pano para mangas, como se costuma dizer.
ResponderEliminarBeijinhos
https://chicana.blogs.sapo.pt/
Ai vai dar sim mas o que me irrita é que muitos políticos não fazem a mínima ideia dos que estão em fase terminal no público porque andam no privado onde é tudo servido de bandeja de prata!
EliminarBeijos
Não li porque é um texto muito grande e sabes que não gosto dos mesmo:)
ResponderEliminara minha opinião é a favor da Eutanásia! Todo o ser Humano tem o direito de morrer com dignidade!
Beijocas
Subscrevo inteiramente!
EliminarBeijos
Não sou contra a Eutanásia, mas esta não pode ser decidida de ânimo leve. A história está cheia de casos onde pessoas são vitimas de eutanásia só porque são idosos ou rabujentos. Não há muito tempo deve lembrar-se do caso daquela enfermeira que matou uma série de pessoas, com essa desculpa.
ResponderEliminarleu este artigo?
https://www.sabado.pt/ciencia---saude/detalhe/jose-manuel-jara-dez-razoes-para-rejeitar-a-eutanasia-e-o-suicidio-assistido
Por fim, não sou contra o suicídio assistido, porque assisti ao desespero com que meu pai o pediu durante quase um mês, primeiro em casa, e depois no hospital. Graças a Deus o sofrimento não foi muito longo.
Mas também me lembro da minha mãe muito mal,em 1980, e no hospital do Barreiro lhe terem dado alta, "para ela morrer junto da família" pois teria poucas horas de vida. E ela morreu em 2011. Imagino se houvesse eutanásia, se os médicos lhe teriam roubado trinta anos de vida.
Um abraço
Li esse artigo e claro que em tudo existe sempre casos assustadores, quer nos hospitais, lares, creches etc. etc.
EliminarO caso da tua mãe é igual a de um senhor que morou aqui, teria poucas horas de vida e esteve em casa mais três anos acamado e em estado vegetativo. No hospital vezes sem conta pediu o fim e sobretudo que lhe tirassem as dores até se cansar e dar-lhe algo que não sei e sei bem o que a família passou e isto é "qualidade de vida".
Enfim...acho que cada um deverá ter o seu direito de escolha.
Beijos
O caso da minha mãe não pode ser igual ao de um caso vegetativo. Minha mãe só deixou de se bastar a si própria depois que meu pai morreu em 2009. Até aí não saía às compras e não fazia certos trabalhos que tinha um braço paralisado e não se ajeitava a fazer certas coisas só com o outro. Mas esteve sempre lúcida, até uma semana antes da morte.
EliminarRepito que não sou contra. Mas há que saber legislar muito bem semelhante lei. Qualquer ponta solta vai servir para assassinar aqueles que estorvam.
Compreendo perfeitamente e sim é um tema sensível e que deve ser bem legislado para que não ocorram coisas nefastas num oportunismo assustador.
EliminarBeijos
Há aqui muita confusão, primeiro descriminalizar, não quer dizer que o médico é que vai dicídil praticar a eutanásia...
ResponderEliminarSe eu sou contra a eutanásia, ela nunca será aplicada para comigo, não são os familiares ou o médico que decidi será sempre o doente e em consciência, e mesmo assim com muitos ses...
O exemplo que a menina Elvira dá morre logo pela boca, pois só a sua mãe poderia tomar a decisão e muito antes do estado em que lhe deram alta para morrer junto da família...
Isto são direitos humanos cada um deve decidir por si próprio em perfeito juízo...( como se diz aqui no meu burgo)
Sei por experiência pessoal que há pessoas que jamais quem pedir a eutanásia, uns pela fé que o move, e têm uma força descomunal e força para viver internamente, outros que não sabem sequer tomar essa decisão, mas volto a dizer a discussão nada tem com matar o não, mas sim eu decidir se quero sofrer, ou parar com esse sofrimento, que não me dá para viver com dignidade muito mais tempo....
Aquele abraço...
Completamente de acordo e não retiro uma virgula!
EliminarBeijos
Um assunto no qual não me sinto preparada para responder!
ResponderEliminar=)
Um olhar sobre o "bonsai".
Bjinhos
Compreendo e respeito porque há muitos que pensam como tu!
EliminarBeijos
Parece que os portugueses, pelo menos alguns, demasiados para o meu gosto, continuam e não respeitar a opinião dos outros, então quando se trata de políticos a coisa está neste pé:
ResponderEliminar"Carlos Pinto, antigo deputado do PSD e ex-presidente da Câmara da Covilhã, vai entregar hoje o cartão de militante ao presidente do partido, em protesto contra a posição favorável de Rui Rio sobre a eutanásia."
É o país que temos, faz-se um género de chantagem se as pessoas nos contrariam - gente adulta em modo infantilizada, só pode - ou seja, não se debate de forma séria, não se ouve com atenção o que os outros têm a dizer sobre um tema tão delicado quanto este, simplesmente faz-se coisas tão sem sentido quanto esta de alguém que já foi deputado, Presidente de uma Câmara.
Diz o senhor em questão que ser a favor da eutanásia, é um "retrocesso civilizacional". Bem que eu gostaria de dizer ao senhor, se me fosse permitido, o que é efectivamente um retrocesso civilizacional. Enfim.
Tenha uma boa tarde, Fatyly.
Também li essa notícia e tiro o chapéu a Rui Rio que deu "liberdade de voto" aos da sua bancada, ao contrário de outros.
EliminarO senhor em questão não deve ter comido o pão que o diabo amassou e que me venha dizer o mesmo, que tal como tu, dir-lhe-ia na cara umas coisas valentes.
Há gente para tudo, chiça!!!
Beijos
Tenho discutido aqui e ali esta questão.
ResponderEliminarNo fundo acho indispensável que muito se fale, que muito se questione, que muitos se impliquem no debate.
A minha posição está definida. Mas entendo as outras.
Tenho em última análise a certeza que quero dar voz à liberdade.
A minha posição sempre esteve definida e jamais influenciar quem quer que seja, bolas foi difícil sairmos das garras da ditadura e como dizes muitos não dão "voz à liberdade"?
EliminarHoje a falar com um senhor fiquei pasma com a sua convicção no seu SIM e as conversas são como as cerejas perguntei-lhe sobre a retirada de órgãos para transplantes. Ó menina isso só dá quem permitir e tem de estar escrito. Olhe que não...antes era assim mas hoje é diferente: Tem que estar escrito quem não quer doar. Algo de anos que mudou e ainda há quem fique "entre as nove e as doze" ou porque desligam ou porque não se informam e ou se interessam.
Enfim, aguardemos pelos resultados.
Beijos
Porque é que ninguém fala na Testamento Vital? Quantos, e são tantos, muuuiiiittttoooissss falam de eutanásia e já viram/ouviram uma mulher em sofrimento atroz que gritava, repito, gritava, implorava numa lucidez incontestável, que não a deixassem morrer porque tinha filhos pequeninos?
ResponderEliminarPor favor, convido todos os defendem a eutanásia a visitar um serviço de medicina de um qualquer hospital, mas não é entrar e sair, é entrar e VER.
Desculpa, Amiga, mas esta questão causa-me uma revolta sem nome.
Quanta hipocrisia camuflada em tudo isto.
Há dias, numa das muitas reportagens da RTP, uma rapariga dizia que tinha uma doença hereditária, que o pai tinha sido vitima da mesma e que não queria passar pelo mesmo. Ok, tudo bem! Mas então, se a dita SABE como é a evolução porque não se suicida enquanto o pode fazer sózinha? Ah, muitos não têm coragem - argumento que já ouvi n vezes - não têm coragem? Garanto-vos que quem quer MESMO tem coragem, sim.
Ui, desculpa, mas isto deixa-me numa revolta imensa.
Tratem de melhorar, alargar, os Cuidados Paliativos, isso sim, isso é OBRIGATÓRIO.
Beijinho.
Compreendo a tua revolta porque assim entendes este problema. Eu vejo-o de outra forma. Não vi falar a tal jovem de que falas mas concordo contigo que o suicídio para mim sempre foi um acto de coragem e há tanta gente que me contraria.
EliminarNos quase quarenta anos que dei sangue visitei muitos hospitais, para não dizer quase todos de Lisboa e arredores e alas bem problemáticas, portanto tenho ferramentas "mais que muitas" para me defender e dizer SIM. No entanto acho que o povo português ainda não tem maturidade social suficiente para entender o que é terminar com o sofrimento. Não digo que sejas tu, mas acho que deve haver mais debates debates e explicações sobretudo junto das populações que menos sabem.
O Testamento Vital foi amplamente falado, explicado quer nas televisões quer nos jornais e alguém agora fala dele? Ontem num debate ouvi falar mais uma vez sobre o mesmo e 20.000 registados é pouco...lá está porque quando se fala destes assuntos milhões preferem viver na ignorância olhar para novelas ou estar nu "fuçasbook":)
Dou-te um pequenino exemplo: tenho uma amiga que sempre que faz exames e análises vem falar comigo e lá vejo a coisa, conversamos mas só o médico é que deveria dizer alguma coisa. Achei que a glicemia estava altíssima mas não levantei ondas. Entretanto teve de ser operada de urgência e com tudo feito começou a tomar medicação para os diabetes. Disse-me isto: sabes miga como não sabia o que dizer quando me perguntavam se era diabética, falei com o médico e disse-me que claro que era mesmo daí já lhe ter receitado a mediação e para ter cuidado com a alimentação, andar mais, etc e tal. Pensei mas não disse: santa ignorância meu Deus manda tomar e não pergunta nada? É a tal coisa...Sr.Doutor e ponto final!
Beijos
Não consigo ter opinião definitiva sobre o assunto. Talvez viver na região com maior taxa de suicídio tenha alguma coisa a ver com a minha indecisão...
ResponderEliminarSim e poderá ser por aí a tua indecisão. Há dias um ex-colega meu e por ter uma doença grave, suicidou-se no seu "monte alentejano".
EliminarBeijos