Quando colocamos essas ‘máscaras’ exercemos uma grande força de bloqueio a muitas das nossas emoções, nomeadamente, à tristeza. No fundo, não nos permitimos a estar tristes e isto acontece porque fomos ouvindo demasiadas vezes ao longo do nosso crescimento “não chores”, “não fiques triste” e fomos interiorizando que é assim que deve ser, que estar triste não ajuda em circunstância alguma. E, de repente, podemos considerar que de facto não ajuda, no entanto, estar triste é permitirmo-nos a respeitar o ritmo do nosso corpo, a metabolizar as experiências e as emoções que vamos vivendo, dando-lhes um significado.
A grande questão no meio disto tudo, é que é momento em que não nos permitimos a estar tristes que nos distanciamos de nós próprios e abrimos espaço ao adoecer psicológico. Ou seja, como não metabolizamos a tristeza em tempo real, mais tarde, em fim de linha, acabamos por adoecer. Podemos dizer que é também à custa de muitas tristezas que consecutivamente fomos guardando para dentro de nós que, mais tarde, se geram os quadros depressivos, por exemplo.
Neste seguimento, é essencial, termos consciência que todos nós vivenciamos um sem fim de emoções que se, em tempo real, não formos capazes de as identificar, expressar e gerir, vão ficando a pairar dentro de nós, tornamo-nos incapazes de pensar sobre elas e de fazer uma equação de síntese daquilo que nos estão a transmitir, assim, vão se acumulando umas sobre as outras, e criando uma espécie de ruído de fundo, que vai contaminando o nosso dia-a-dia.
Por isso, o essencial é permitirmo-nos a estar tristes nos momentos certo, permitirmo-nos a fragilizarmo-nos, a chorar e a procurar um colo que seja capaz de suportar a nossa dor.
No fundo, se pensarmos bem, todos sabemos que é impossível conseguimos estar sempre de bem com a vida e felizes o tempo todo. Por isso, só seremos plenamente felizes, se aceitarmos, integrarmos e dermos significado a tudo o que se vai passando dentro de nós e na relação com os outros e isso também implica momentos de recolher interno e de tristeza. Só assim, aceitando tudo o que vivenciamos, nos respeitamos a nós próprios e criamos um espaço de encontro com a felicidade e o bem-estar pessoal. Por isso, não nos esqueçamos, por muito estranho que possa parecer, só quando nos permitimos a estar tristes nos momentos certos, abrimos espaço ao bem-estar, á felicidade e à saúde metal.
SAPO: Um artigo das psicólogas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
Gostei de ler...Instigante!
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Já anseio por uma nova Primavera
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Beijo e um excelente fim de semana! :)
Obrigada:)
EliminarBeijos e um bom sábado
Se há coisa que me tira do sério é a história da psicologia positiva, onde não há espaço para todos os afectos de tristeza, medo, frustração, raiva, etc, etc...
ResponderEliminarPelo direito a sentir! Sempre! Seja que tipo de afecto for!
(o que se faz com o que se sente já é outra história...)
Quer aqui, quer fora daqui nunca usei "máscaras" e há que dar espaço aos sentimentos bons e maus ou tristes e assim ser mais saudável mentalmente.
EliminarSubscrevo tudo o que dizes e nunca escondi dos que me rodeiam os afectos de tristeza, medo, frustação, raiva etc. Actualmente escondo da minha mãe e quantas vezes venho para casa a chorar e quero lá saber de quem possa ver e ou julgar. Enfim!
Beijocas e um bom sábado
Li com atenção e... lá se vai a aura do Prozac. :)
ResponderEliminarForte abraço, Fatyly :)
Só os tontos andam sempre felizes.
ResponderEliminarBeijos, boa semana