segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Fernando Pessoa - 120 anos depois...









Quando vejo os nossos velhos felizes porque há quem se lembre deles dando-lhes "as sardinhas" que lhes apetecer...

- Quando vejo os nossos velhos que tudo fizeram para que os seus filhos tirassem um curso...
- Quando vejo os nossos velhos com reformas miseráveis em lares da Segurança Social (só com cunhas), Santa Casa da Misericórdia (esgotado), Lares privados (uma mina de ouro), a pagarem o que pagam, e pedindo auxilio ao estado-pessoa de bem, entra em linha de conta os rendimentos dos filhos, como se estes não tivessem encargos e porque infelizmente não podem ficar com eles, é quase sempre negado e por vezes bastam 50€ para passarem as tabelas existentes e exigentes...
- Quando vejo os nossos velhos com o olhar opaco e tão triste deambulando no sentimento de "dependência monetária dos filhos" o que nunca pensaram ser necessário...

pergunto se tudo isto acontece aos pais e familiares dos políticos e não só, que se enchem à custa de tudo e de todos?
Nesta espiral de desigualdades - entre os que realmente trabalharam e os que fingem que trabalham - há um factor que se lhes escapa, um dia serão eles os velhos esquecendo-se por completo que hoje podem ser muito ricos mas já vi muitos ricos morrerem na maior das misérias... e nunca se sabe se não dirão o mesmo poema:

Quem me Dera

Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas ...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.

Alberto Caeiro

16 comentários:

  1. Pessoa sempre nos encanta com seus versos! Lindos aqui! beijos, ótima semana,chica

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    1. Não gosto muito de toda a obra de Fernando Pessoa porque sempre achei perturbado e negativo mas lá teria as suas razões.
      Beijos e um boa tarde

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  2. O poeta morreu com Salazar ainda no início do seu percurso, mas pelos vistos a miséria já vinha de antes do Salazar. Aliás, ele foi escolhido para pôr ordem nisso, mas acabou por não o conseguir, por muitas e várias razões.

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    1. Desconhecia, sei apenas que não desejo a volta de Salazar e da sua PIDE!

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  3. Infelizmente o que dizes sobre o que dizes sobre o estado dos nossos idosos é uma dura realidade e uma injustiça gritante para alguns.
    O poema de Alberto Caeiro tem tudo a ver com o teu post.
    Beijinhos

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  4. Triste... mas real. Só sabe quem chega lá.
    Um abraço.

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  5. A geração que hoje está nos lares ainda, com mais ou menos dificuldade, consegue pagar as despesas. Isto em ternos médios, porque pbviamente haverá sempre quem não consiga. Os que se estão reformar nos últimos anos já não conseguirão. As pessoas estão a reformar-se com metade, ou menos até, do último vencimento e o preço dos lares não vai parar de subir. Estamos a criar uma geração de novos pobres e ninguém se parece importar com isso.

    Cumprimentos

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  6. Quando os vejo abandonados, e se vejo isso!, fico revoltado até aos ossos.
    Gente malvada!
    Beijo

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    1. Também vejo muita coisa do género e também me revolta e muito.
      Beijos e um bom dia

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  7. Fatyly!
    Os nossos idosos vivem na miséria, mas não só!
    Cada vez mais a pobreza está refletida nos olhos de muitos!
    Um beijinho esperançoso por dias melhores!
    👄👄👄Megy Maia

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